O perigo do dólar
Uma das poucas boas notícias da economia nos últimos tempos foi a queda da inflação. Melhor ainda, a comida ficou mais barata.
Na média, os preços de alimentos e bebidas caíram 1,87% no ano passado. Se contados os 12 meses encerrados, em abril, a redução é ainda maior, de 2,11%.
Isso aconteceu porque o país teve safras agrícolas muito boas. E não foram só os consumidores que se beneficiaram.
Com inflação menor, o Banco Central pôde reduzir os juros. É verdade que as taxas nos bancos ainda estão altas demais, mas pelo menos o governo passou a gastar menos grana dos contribuintes com suas dívidas.
Só que agora apareceu uma ameaça a essa melhora: o dólar está subindo muito.
Isso acontece quase no mundo todo, porque a economia dos Estados Unidos está crescendo e mais gente compra a moeda dos americanos.
Mas em alguns países, como a Argentina, a Turquia e o Brasil, o dólar avança mais. Aqui, um dos motivos é o medo do resultado da eleição.
O problema é que isso faz os produtos importados (como trigo, derivados de petróleo e agrotóxicos) ficarem mais caros.
Daí podem aumentar os preços de alimentos importantes como pão e macarrão, além de outros itens como desodorante, xampu e remédios.
Foi com medo desses efeitos que o Banco Central desistiu de cortar os juros mais uma vez na quarta-feira (16).
Não é que haja grande perigo de uma disparada da inflação, mas é melhor não arriscar. O cenário para os preços já não é tão favorável, e a recuperação da economia ficou ainda mais duvidosa.