Início de Covas esvazia promessa social
Incluída de última hora em projeto de lei pelos vereadores da base aliada de Bruno Covas (PSDB) e sancionada às pressas pelo novo prefeito dias após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandú (região central), numa mudança nas regras do fundo municipal de desestatização atingiu em cheio sua essência social.
Ao aprovarem o projeto de lei de privatização do Anhembi em 2 de maio, vereadores da base de Covas no Legislativo incluíram um artigo para que os recursos do fundo também possam ser enviados às prefeituras regionais. A área é marcada pela forte influência de vereadores por meio de nomeações políticas e tem como prioridade de investimento, nos próximos anos, os programas de recapeamento de ruas (Asfalto Novo) e de reforma de calçadas (Calçada Nova). Desde a criação, o fundo previa que o dinheiro das vendas e concessões —que deve chegar a US$ 1,5 bilhão, ou R$ 5,4 bilhões, segundo estimativa de Covas— seria aplicado exclusivamente em áreas sociais. É “dinheiro carimbado”, repetia o ex-prefeito João Doria (PSDB). “Ao vender o Anhembi, devemos concluir obras como o hospital na Brasilândia, investir em habitacional que sirva como alternativa às favelas e invasões, garantir a geração de vagas em creches. Não consigo ver lógica social de transformar ativos tão importantes em um programa de asfalto novo”, afirma o vereador Police Neto (PSD).
A vereadora Sâmia Bomfim (PSOL) diz que o fundo foi descaracterizado. “Fica claro que a intenção nunca foi investir em áreas sociais, mas garantir a negociação dos bens com setores privados que apoiam o PSDB.”
Diogo Nogueira
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