Promotoria apura caixa 2 de concessionária para Alckmin
Segundo executivos da CCR, cunhado intermediou doação ilícita; Aloysio e Serra também são citados
A CCR, maior concessionária de estradas do país e quinta no mundo, deu cerca de R$ 5 milhões para o caixa dois da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2010, de acordo com relatos feitos por representantes da empresa ao Ministério Público de São Paulo.
O dinheiro teria sido entregue ao cunhado de Alckmin, o empresário Adhemar Ribeiro, segundo a narrativa feita à Promotoria, e não consta da prestação de contas da campanha.
É a segunda vez que o cunhado é associado a arrecadações ilegais de campanha. A Odebrecht relatou em acordo de delação ter entregue R$ 10,7 milhões a ele, também na campanha de 2010.
A CCR não pode fazer doações eleitorais por ser concessionária de serviços públicos, como estradas, metrô e barcas. Já era esse o entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) à época da doação, em 2010. Três anos depois esse veto virou lei na minirreforma política.
A concessionária resultou da associação de empresas que já confessaram práticas de corrupção e formação de cartel: a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa, cada uma com 14,86% das ações.
Nos relatos reunidos pelo promotor José Carlos Blat, a CCR aparece como doadora de R$ 23 milhões para três políticos tucanos de SP entre 2009 e 2012: além de Alckmin, são citados o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e o senador José Serra. Os valores que teriam sido entregues a Serra e Aloysio ainda não foram apurados.
A cifra de R$ 23 milhões é estimativa inicial. O valor exato está sendo investigado por um comitê independente constituído pela CCR.
O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado pela Lava Jato em São Paulo como operador do PSDB, é citado como o responsável pela arrecadação para Aloysio. Já o empresário Márcio Fortes é acusado de ter feito a operação para Serra.
A CCR apareceu na Lava Jato quando parte da delação do empresário Adir Assad, acusado de lavagem de dinheiro, foi revelada pelo jornal O Globo. Ele disse que empresas de fachada e outras verdadeiras haviam recebido R$ 46 milhões da CCR.
Nos relatos apresentados ao Ministério Público, metade desse valor foi distribuído aos três tucanos.