Agora

Linha de ônibus mais lenta da cidade anda a 7,9 km//h

Coletivo que liga o Valo Velho ao Terminal Capelinha é o mais devagar no pico da tarde

- William cardoso

A linha de ônibus mais vagarosa nos horários de pico na capital no primeiro trimestre teve velocidade média de 7,9 km/h, quase metade da média de uma galinha, que é de 14,5 km/h. O trecho mais lento é o retorno da a linha 6825-10, entre o Terminal Capelinha e o Valo Velho, na zona sul de São Paulo, das 17h às 20h.

Os números foram solicitado­s pelo Agora à empresa Scipopulis, que analisa e apresenta soluções em mobilidade a partir dos dados abertos da administra­ção municipal. Com base nos trajetos de todos os ônibus da cidade em tempo real, foi possível chegar às linhas mais lentas e mais rápidas da capital (veja quadro ao lado).

“Se aviso que essa linha é lenta, o cidadão pode buscar outras alternativ­as. O dado aberto é algo muito importante para ajudar a cidade como um todo. Se a gente não tem informação, sofre mais e demora mais para se deslocar”, afirma Ivo Pons, fundador da Scipopulis.

Trânsito

Entre motoristas, as principais suspeitas pela lentidão dos ônibus da linha recaem sobre o trânsito confuso no entorno da estação Capão Redondo (linha 5-lilás) e pelo trânsito carregado na estrada de Itapeceric­a, principalm­ente no trecho do Morro do S. Também não faltam críticas às constantes invasões do pedaço onde há faixa exclusiva, com quase nenhuma fiscalizaç­ão.

Para os passageiro­s, sobra a revolta de um retorno lento para casa após um dia pesado de trabalho. O manobrista Antônio Carlos Oliveira, 53 anos, gasta duas e meia entre a avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste), onde trabalha, e a casa. Boa parte do tempo é na linha mais lenta da cidade. “Às vezes, nem volto, já fico pelo trabalho. Outro dia, uma pessoa caiu de moto e ficou tudo travado”, disse, lembrando que a pista é estreita.

O eletrotécn­ico Reginaldo Rodrigues, 48, também lamenta o transtorno causada pela falta de um corredor de verdade para os coletivos do local. “Para quem vem cansado do serviço e quer chegar cedo em caso, pegar esse ônibus é bem complicado. Não anda, tem muito carro”, disse Rodrigues.

O único feliz com a vagarosida­de dos ônibus na cidade é o repentista e ambulante Lavandeira do Norte, 52 anos. Batizado como José Maria Gomes, ele aproveita o tempo de sobra para vender sua “pomada que cura tudo”, de frieira a torcicolo. “Não reclamo, não. E ainda aproveito para divulgar a cultura popular”, afirmou.

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Jardiel Carvalho/folhapress

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