Linha de ônibus mais lenta da cidade anda a 7,9 km//h
Coletivo que liga o Valo Velho ao Terminal Capelinha é o mais devagar no pico da tarde
A linha de ônibus mais vagarosa nos horários de pico na capital no primeiro trimestre teve velocidade média de 7,9 km/h, quase metade da média de uma galinha, que é de 14,5 km/h. O trecho mais lento é o retorno da a linha 6825-10, entre o Terminal Capelinha e o Valo Velho, na zona sul de São Paulo, das 17h às 20h.
Os números foram solicitados pelo Agora à empresa Scipopulis, que analisa e apresenta soluções em mobilidade a partir dos dados abertos da administração municipal. Com base nos trajetos de todos os ônibus da cidade em tempo real, foi possível chegar às linhas mais lentas e mais rápidas da capital (veja quadro ao lado).
“Se aviso que essa linha é lenta, o cidadão pode buscar outras alternativas. O dado aberto é algo muito importante para ajudar a cidade como um todo. Se a gente não tem informação, sofre mais e demora mais para se deslocar”, afirma Ivo Pons, fundador da Scipopulis.
Trânsito
Entre motoristas, as principais suspeitas pela lentidão dos ônibus da linha recaem sobre o trânsito confuso no entorno da estação Capão Redondo (linha 5-lilás) e pelo trânsito carregado na estrada de Itapecerica, principalmente no trecho do Morro do S. Também não faltam críticas às constantes invasões do pedaço onde há faixa exclusiva, com quase nenhuma fiscalização.
Para os passageiros, sobra a revolta de um retorno lento para casa após um dia pesado de trabalho. O manobrista Antônio Carlos Oliveira, 53 anos, gasta duas e meia entre a avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste), onde trabalha, e a casa. Boa parte do tempo é na linha mais lenta da cidade. “Às vezes, nem volto, já fico pelo trabalho. Outro dia, uma pessoa caiu de moto e ficou tudo travado”, disse, lembrando que a pista é estreita.
O eletrotécnico Reginaldo Rodrigues, 48, também lamenta o transtorno causada pela falta de um corredor de verdade para os coletivos do local. “Para quem vem cansado do serviço e quer chegar cedo em caso, pegar esse ônibus é bem complicado. Não anda, tem muito carro”, disse Rodrigues.
O único feliz com a vagarosidade dos ônibus na cidade é o repentista e ambulante Lavandeira do Norte, 52 anos. Batizado como José Maria Gomes, ele aproveita o tempo de sobra para vender sua “pomada que cura tudo”, de frieira a torcicolo. “Não reclamo, não. E ainda aproveito para divulgar a cultura popular”, afirmou.