Futuro em jogo
Leila encara Mustafá e briga para mudar estatuto na tentativa de antecipar plano de ser presidente verde
Expoentes do Conselho Deliberativo do Palmeiras, a empresária Leila Pereira, dona da Crefisa e das faculdades FAM, e o ex-presidente Mustafá Contursi, que romperam a parceria política no ano passado e se tornaram rivais ferrenhos, terão, hoje à noite, uma disputa para definir como o clube será governado nos próximos anos.
Os dois pesos-pesados fazem corpo a corpo com conselheiros até o início da votação da reforma estatutária, cujo ponto principal é o tempo do mandato presidencial (veja detalhes ao lado).
Conhecida como emendaleila, essa proposta, caso seja aprovada, dará ao futuro presidente do Palmeiras, que será eleito em novembro, três anos no cargo e a possibilidade de reeleição. Dessa forma, o próximo mandatário ficaria no poder até o fim de 2021, não de 2020.
Com o apoio de Mustafá Contursi, a patrocinadora foi eleita conselheira em fevereiro de 2017 com a maior votação da história do Palmeiras. Leila virou uma celebridade, animou-se em ser presidente e resolveu antecipar a ideia de ser a primeira mulher a assumir o cargo.
Na condição atual, como o mandato de conselheiro é de quatro anos, a empresária só pode concorrer no final de 2022 e assumir em 2023.
Se sair vitoriosa hoje, Leila terá que ser reeleita conselheira em fevereiro de 2021 para concorrer no final do mesmo ano à presidência.
Casuísmo
O grupo político do expresidente Mustafá e outros opositores entendem que o processo fere o artigo 16 da Constituição, que dita que “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”.
“É uma proposta interessante, mas não pode ser feita dessa forma. Cabe muita discussão, até para não ferir a Constituição Federal”, argumenta o conselheiro e ex-vice-presidente de futebol Roberto Frizzo.
Com investimento pesado, em um banquete para conselheiros em um hotel de luxo na última quinta-feira, Leila negou o “casuísmo”.
“Sou defensora da modernidade, que o Palmeiras não fique nas mãos de pessoas que têm interesses [escusos] lá dentro. Não penso a longo prazo. O que eu quero é continuar colaborando com o Palmeiras”, disse a empresária, que fez o evento para 200 conselheiros. Compareceram menos de cem.
Para que a mudança no estatuto seja aprovada, será preciso ter votos da maioria simples do Conselho Deliberativo: 141 apoiadores, independentemente de quantos compareçam à sessão.
Na sequência, a mudança precisa ser ratificada na assembleia dos associados. A aprovação pode ser confirmada por maioria simples.