2 moradores de rua morrem na noite mais fria do ano
Eles foram achados mortos no Parque Dom Pedro 2º e no Rio Pequeno. Mínima foi de 9,3˚C na capital
Os corpos de dois moradores de rua foram encontrados ontem pela manhã após a madrugada mais fria do ano na capital. Segundo o Inmet (Instituto Nacional Meteorologia), a mínima ficou em 9,3˚C, a menor para um mês de maio desde 2007.
Pela manhã, o corpo de Marciano da Silva Correia, 34 anos, foi encontrado sob a marquise de uma loja na avenida do Rio Pequeno (zona oeste). Correa era conhecido de comerciantes do bairro e, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública, da gestão Márcio França (PSB), teve pneumonia. De acordo com um segurança que trabalha nas proximidades, Cabelo, como era conhecido, chegou a pedir um copo d’água por volta das 4h e a reclamar de dores no peito e no braço.
Moradores e frequentadores do bairro dizem que, na última semana, ele foi atendido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) após sofrer uma queda na rua. Por comerciantes, Cabelo era visto como alguém que só fazia mal a si mesmo, ao tomar até seis garrafinhas de pinga diariamente. A família dele foi várias vezes ao local resgatá-lo. Em alguns casos, até o mantinha fora da rua por um período de tempo.
Outro morador de rua, identificado apenas como Maicon até a conclusão desta edição, foi encontrado no Parque Dom Pedro 2º (centro). Segundo pessoas próximas, ele chegou a frequentar um centro de acolhida no Brás, na mesma região, mas não ficou por lá.
Para o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, é preciso flexibilizar as regras para acolher as pessoas desabrigadas, que muitas vezes estão alcoolizadas. Os albergues municipais não recebem moradores de rua nessa situação. “É preciso ter grupos pequenos, mais informais, emergenciais. É assim que se atende nesse tipo de situação. Se estou protegido, a possibilidade de infarto é menor”, afirma.