Jornalista Alberto Dines morre aos 86 anos na capital
Um dos grandes nomes da imprensa no Brasil estava internado havia dez dias com pneumonia
O jornalista Alberto Dines morreu na manhã de ontem, aos 86 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo sua mulher, Norma Couri, o jornalista foi levado ao hospital há dez dias, em decorrência de uma gripe que evoluiu para pneumonia, e morreu devido a problemas respiratórios.
Nascido no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1932, começou na profissão em 1952, como crítico de cinema, na revista A Cena Muda. De 1962 a 1973, dirigiu a redação do Jornal do Brasil em um de seus períodos mais inovadores e criativos.
Em 14 de dezembro de 1968, um dia após a promulgação do AI-5, a capa do jornal publicou a previsão do tempo: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos. Máx: 38˚, em Brasília. Mín: 5˚, nas Laranjeiras”.
Na morte do então presidente chileno (1970-1973) Salvador Allende, driblou a proibição de qualquer manchete sobre o caso publicando uma capa sem título, com longo texto noticiando a morte de Allende, o que levou à demissão de Dines.
Nos anos 1990, lançou o Observatório da Imprensa, jornal de crítica e debate sobre o jornalismo que passou a ter uma edição eletrônica em 1996 e uma versão na TV Educativa do Rio em 1998. Nas últimas duas décadas, Dines dedicou-se a fomentar o jornalismo com as atividades no Observatório.
Na área acadêmica, criou em 1963 a cadeira de jornalismo comparado na Faculdade de Jornalismo da PUCRJ. Foi professor visitante na Universidade Columbia, nos EUA. Entre 2011 e 2013, lecionou história do jornalismo na ESPM. Lançou 15 livros, entre ficção, reportagem e técnicas jornalísticas. Ganhou o prêmio Jabuti em 1993, por “Vínculos de Fogo”. Ele deixa quatro filhos. O velório será hoje, às 10h, e o enterro às 13h30, no Cemitério Israelita em Embu das Artes (SP).