Reação atrasada
Na quinta-feira (24), os caminhoneiros em greve arrancaram o que quiseram do governo Michel Temer (MDB), enquanto o país vivia um dia de tumulto e medo.
Para que saísse um acordo, anunciado à noite, até grana do contribuinte para baixar o preço do óleo diesel foi prometida.
Mas, mesmo com essa generosidade com chapéu alheio, os arruaceiros que bloqueiam estradas não arredaram pé. E as cidades brasileiras continuaram sofrendo com o desabastecimento de produtos e a interrupção de serviços públicos.
Diante da desordem geral, o presidente Temer enfim decidiu enfrentar os abusos dos grevistas.
Com um decreto, autorizou que o Exército, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública atuem para garantir a livre circulação nas rodovias.
Além disso, a Polícia Federal vai investigar se empresas estão patrocinando a paralisação, o que é ilegal.
Governos estaduais e municipais também estão sendo forçados a tomar providências. Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou estado de emergência.
Isso significa que ele pode, por exemplo, confiscar combustível para garantir o funcionamento de ambulâncias.
Mas a verdade é que o governo federal e os estados demoraram muito para agir.
Desde o início do mês havia movimentações de caminhoneiros em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Bahia e Paraná. Um sindicato nacional da categoria chegou a entregar um ultimato ao governo, no dia 14.
Seria mais eficaz se o poder público tivesse agido de forma preventiva, evitando os abusos desde o começo. Nesse caso, o atraso custou caro ao país.