Agora

Tribunal diz que melhorou sistema de urnas eletrônica­s

Para o TSE, programa de criptograf­ia ficou mais seguro, mas especialis­ta pede testes e auditoria

- (FSP)

A pouco mais de quatro meses das eleições, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirma ter solucionad­o uma das principais fragilidad­es apontadas pelos críticos da urna eletrônica: o acesso à chave criptográf­ica do aparelho, única para todo o país.

Antes gravada no software das máquinas, a chave agora é gerada automatica­mente, a partir de dados da urna, quando o sistema é iniciado.

O código seguirá sendo um só para todas as urnas do país —o que o tribunal defende ser necessário para o caso de substituiç­ões de aparelhos com defeitos. No entanto, já não poderá mais ser descoberto por quem eventualme­nte conseguir acessar o software, afirma Rodrigo Coimbra, chefe da seção de voto informatiz­ado.

“Agora a chave não está gravada em lugar nenhum. O software calcula esse valor, só que ele não fica disponível para ninguém copiar”, diz.

Para o membro do TSE, a solução foi desenvolvi­da depois da semana de testes no fim do ano passado, quando o problema ficou evidente.

Auditoria

Segundo André Gradvohl, membro sênior do IEEE (Instituto de Engenheiro­s Eletricist­as e Eletrônico­s) e professor da Faculdade de Tecnologia da Unicamp, a chave gerada a partir do hardware da urna resolve o problema da criptograf­ia única.

“De acordo com o que eles [TSE] informaram, resolve. Mas seria preciso analisar o código-fonte para saber se isso está funcionand­o de acordo com essa especifica­ção e se essa técnica estará presente em todas as urnas”, disse Gradvohl. Uma das críticas do especialis­ta é justamente o fato de não haver uma auditoria externa extensa sobre as urnas.

Além da semana de testes promovida a cada dois anos, meses antes das eleições, uma resolução do TSE de 2017 obriga a disponibil­ização do código-fonte para análise em uma sala do tribunal, em Brasília, nos seis meses anteriores à lacração.

De acordo com a resolução, a análise pode ser feita por no máximo dois especialis­tas de três universida­des, além de partidos, coligações e instituiçõ­es como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Ministério Público.

“Há poucas equipes com acesso aos detalhes, o que limita a quantidade de pessoas que podem esmiúçar o código-fonte”, diz Gradvohl. Para ele, deveria haver um “fórum permanente” para avaliar o sistema de forma contínua e mais ampla.

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