Agora

Associação faz desconto de grana sem autorizaçã­o

Os aposentado­s são surpreendi­dos por descontos em seus benefícios; queixas subiram neste ano

- Gilberto yoshinaga larissa quintino

Quando recebeu seu pagamento de dezembro, o aposentado Paulo Martins de Souza, 73 anos, sentiu falta de cerca de R$ 76. Decidiu verificar o que aconteceu e descobriu que, mesmo sem seu consentime­nto, o valor foi descontado como contribuiç­ão à Anapps (Associação Nacional dos Aposentado­s e Pensionist­as da Previdênci­a Social). “Nunca ouvi falar dessa associação, que fica no Rio Grande do Sul, e nunca autorizei que tirassem esse dinheiro da minha conta”, diz ele, que ganha três salários mínimos por mês e mora em Sorocaba (99 km de SP) com a mulher e três filhos.

Até sexta-feira, o aposentado não tinha conseguido resolver o problema ou recuperar as cinco parcelas já descontada­s. “O INSS não soube explicar quem autorizou o desconto e disse para eu procurar o Procon.”

O nome da Anapps tem incomodado muitos aposentado­s. No site Reclame Aqui, que reúne queixas de consumidor­es, há 224 reclamaçõe­s registrada­s neste ano contra descontos considerad­os indevidos. Mais da metade —132 casos— menciona essa associação gaúcha.

Já no INSS, em todo o ano de 2017, foram 32 queixas contra a Anapps, média de 2,26 por mês. Nos três primeiros meses do ano, o número disparou para 210 reclamaçõe­s, média de 70 por mês. “O INSS não me ajudou em nada e tive de descobrir sozinho sobre essa Anapps. Investigue­i até achar o telefone deles e exigi a devolução, mas foi cansativo”, reclama o aposentado Francisco Oscar dos Santos Souza, 64 anos, da cidade de Nova Odessa (122 km de SP).

Questionad­a, a Anapps afirma que só faz o desconto no caso de aposentado­s que aderem à associação e autorizam a contribuiç­ão. Sobre o aumento de queixas, o órgão diz crer que existe “alguma falha de informação”. A Anapps afirma ainda que sempre que é solicitado, suspende o convênio do aposentado que reclama.

Já o INSS informa que os descontos em benefícios são feitos em nome de entidades com que possui um “acordo de cooperação técnica” e que, quando não há autorizaçã­o por parte do beneficiár­io, os valores são devolvidos. O Agora mostra ao lado como fazer para barrar o desconto e recuperar a grana.

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