Seleção na estica
CBF busca resgatar seriedade no visual dos atletas e recupera tradição de elegância de Copas anteriores
Antes do brinco de diamante, dos jeans rasgados e do moletom com capuz, a seleção canarinho mostrava alguma elegância nas competições. Isso foi visto nos ternos de lapela larga da Copa de 1970 e nos conjuntos de calça cinza e blazer azul do Mundial de 1994.
No torneio deste ano, a CBF quer resgatar esse sentindo de seriedade no visual dos jogadores. Por isso, o estilista Ricardo Almeida, de 62 anos, nome-chave da alfaiataria brasileira, foi escalado para criar as roupas que a seleção usará fora de campo.
Por segurança, as peças saíram no início desta semana da fábrica do estilista, em São Paulo, em um caminhão escoltado. Os últimos ajustes foram feitos na concentração, em Teresópolis (RJ).
A greve dos caminhoneiros por pouco não atrapalhou os planos. O veículo ficou mais de um dia parado na estrada de acesso ao Rio.
A ideia de resgatar essa tradição de se mostrar alinhado foi do coordenador da seleção, Edu Gaspar, que acompanhou de perto a escolha pelo conjunto de blazer e calça azul com o brasão da confederação no peito.
Enquanto a comissão técnica usará camisa branca —“para dar mais lisura”, como explicou Almeida—, os jogadores adotarão a camisa com a mesma tonalidade do conjunto, “uma proposta mais fashion, que passa a ideia de inovação”.
Nos pés, os tênis do dia a dia dos atletas foram substituídos por sapatos brogue marrom, com solado de EVA, espuma sintética termoplástica que recebeu linha azul.
Na prova do molde, em Berlim, pouco antes do amistoso contra a Alemanha em março, seis jogadores, entre eles Thiago Silva e Paulinho, encomendaram modelos para calçar fora dos eventos oficiais.
Tite tem colarinho maior
A reportagem visitou a fábrica do designer no momento da confecção das peças. O corte segue o padrão ajustado das criações do estilista, e o colarinho da camisa dos jogadores é um pouco menor do que o usado pela comissão. As gravatas também são diferentes para cada função. Feitas em seda pura, têm 4 cm de largura na produção dos jogadores e 6 cm na do resto da comitiva.
Por dentro do blazer, o forro é amarelo-mostarda com detalhes luminosos. Ele recebeu grafismos que formam a imagem das taças e das datas dos cinco Mundiais dos quais o país saiu campeão.
O desenho original previa o uso de um lenço estampado com as cores do Brasil. Mas, com a opção pelo brasão, o acessório foi retirado para não competir com o logo. O lenço se tornou opcional.
Neymar é um dos que devem circular com o pano de seda enrolado no bolso do paletó. O camisa 10, Almeida conta, assinou o próprio nome no seu e encomendou cópias do acessório autografado para distribuir entre os amigos mais próximos.