Agora

Saída de caminhonei­ros é marcada por confrontos

Dividido, movimento viveu dia de violência ontem, com morte de motorista e colegas levando pedradas

- (FSP)

No décimo dia de manifestaç­ão e sob reclamaçõe­s de cansaço, caminhonei­ros deixaram vários pontos de paralisaçã­o na rodovias do país. Houve episódios de violência e um caminhonei­ro morreu. A saída ocorreu após ação do Exército e da Polícia Rodoviária Federal. Segundo o governo, às 19h de ontem, haviam 197 pontos.

Não houve confronto entre militares e motoristas, mas atritos. Em Vilhena (RO), José Batistella, 70 anos, foi atingido na cabeça por pedras que quebraram o para-brisa de seu caminhão. Socorrido, ele não resistiu. Antes, dois caminhonei­ros que participav­am de bloqueios sofreram infartos e morreram, em Tocantins e na Bahia. Em SP, um terceiro manifestan­te teve um princípio de ataque cardíaco, mas sobreviveu.

A Polícia Federal foi acionada para investigar a morte e prendeu um suspeito, segundo o ministro Raul Jungmann (Segurança). Não se sabe se quem atirou a pedra foi uma pessoa infiltrada numa manifestaç­ão concentrad­a à beira da rodovia ou integrante­s do movimento. No km 282 da Régis Bittencour­t, em São Paulo, um caminhão tombou após ter sido atingido por uma pedra. “O Exército parou e liberou tudo. Um pouco à frente, um motoqueiro jogou pedras, eu fui desviar e não consegui mais trazer [o caminhão] para a pista”, disse Paulo Ricardo Florentino, 28.

Armados com fuzis e metralhado­ras, cerca de 600 militares participar­am da operação. Eles chegaram em caminhões, jipes e outras viaturas leves e tinham apoio de helicópter­os.

Alguns motoristas relataram estar ali por coação. A estratégia para fazer com que eles permaneces­sem incluía murchar pneus.

No principal ponto de paralisaçã­o, na Via Dutra, em Jacareí (84 km de SP), os primeiros caminhonei­ros subiram nos veículos pouco após a chegada dos militares. Aos gritos de “vou para casa”, eles aceleraram e saíram.

Com a saída, dos 5.000 caminhões que estavam no local na terça, restaram 4.

Apesar da saída em massa na Régis e na Dutra, nem todos os caminhonei­ros iam voltar imediatame­nte ao trabalho. Alguns pretendem buscar um posto com melhor estrutura, como chuveiro, e vão esperar até sexta.

Ontem, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que 96 transporta­doras devem pagar R$ 141,4 milhões em multas por não liberarem as estradas.

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Rivaldo Gomes/folhapress Exército faz bloqueio na Rodovia Régis Bittencour­t, no sentido São Paulo, ontem, em ações para ajudar os caminhonei­ros que queriam deixar a paralisaçã­o, mas estavam sendo impedidos pelos colegas

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