Insegurança e saudade são pesadelos de caminhoneiro
Motorista sofre com distância da família e vê cair o valor de quanto leva para casa no fim do mês
O que o levou para trás de um volante foi o sonho de infância. Mas a vida de Edson Laurent, 37 anos, atualmente mais lembra um pesadelo, com dificuldades financeiras, insegurança nas estradas e falta de reconhecimento pelo trabalho realizado. Tudo isso somado à já esperada distância de casa e saudade da sua família.
Laurent é um caminhoneiro autônomo que, como muitos, tomou as estradas nas últimas semanas para protestar. Em oito anos, ele viu a renda líquida cair. “Eu trazia R$ 8.000 para casa por mês. Hoje, não consigo fazer R$ 2.500. A gente se aperta, almoça ou janta, porque se fizer os dois não traz dinheiro para família.”
Pai de três filhos, entre 3 e 13 anos, Laurent conta com ajuda da mulher, a auxiliar de educação infantil Aline, 34, para sustentar a casa, em Juquitiba (Grande SP).
Além da grana, aperta a saudade. “Dinheiro nenhum paga o sofrimento por ele ficar fora de casa”, conta Aline. “É difícil conviver com a distância. As crianças sempre chamam e pedem para falar com ele”, explica.
A sina de Laurent parecia traçada no berço. O pai foi caminhoneiro por 54 anos, o irmão mais velho é carreteiro e outro também foi motorista, até perder a vida em um acidente.
O filho Pietro, 8, já se entusiasma com aventuras na estrada, mas é desencorajado pelo pai herói. “A molecada acha bonito um caminhão, quer tirar foto. Mas faço de tudo para que meu filho se afaste da minha profissão”, diz, tentando manobrar o destino. Ele promete abandonar a profissão se a paralisação não der resultado. “A gente sente uma dor, amigo. Se for pai de família, você vai entender o que eu digo.” Edson Laurent, 37 anos é a altura média