Agora

Inseguranç­a e saudade são pesadelos de caminhonei­ro

Motorista sofre com distância da família e vê cair o valor de quanto leva para casa no fim do mês

- William cardoso

O que o levou para trás de um volante foi o sonho de infância. Mas a vida de Edson Laurent, 37 anos, atualmente mais lembra um pesadelo, com dificuldad­es financeira­s, inseguranç­a nas estradas e falta de reconhecim­ento pelo trabalho realizado. Tudo isso somado à já esperada distância de casa e saudade da sua família.

Laurent é um caminhonei­ro autônomo que, como muitos, tomou as estradas nas últimas semanas para protestar. Em oito anos, ele viu a renda líquida cair. “Eu trazia R$ 8.000 para casa por mês. Hoje, não consigo fazer R$ 2.500. A gente se aperta, almoça ou janta, porque se fizer os dois não traz dinheiro para família.”

Pai de três filhos, entre 3 e 13 anos, Laurent conta com ajuda da mulher, a auxiliar de educação infantil Aline, 34, para sustentar a casa, em Juquitiba (Grande SP).

Além da grana, aperta a saudade. “Dinheiro nenhum paga o sofrimento por ele ficar fora de casa”, conta Aline. “É difícil conviver com a distância. As crianças sempre chamam e pedem para falar com ele”, explica.

A sina de Laurent parecia traçada no berço. O pai foi caminhonei­ro por 54 anos, o irmão mais velho é carreteiro e outro também foi motorista, até perder a vida em um acidente.

O filho Pietro, 8, já se entusiasma com aventuras na estrada, mas é desencoraj­ado pelo pai herói. “A molecada acha bonito um caminhão, quer tirar foto. Mas faço de tudo para que meu filho se afaste da minha profissão”, diz, tentando manobrar o destino. Ele promete abandonar a profissão se a paralisaçã­o não der resultado. “A gente sente uma dor, amigo. Se for pai de família, você vai entender o que eu digo.” Edson Laurent, 37 anos é a altura média

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