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Dersa vê fraude milionária após acerto com José Serra

Perícia diz que estatal não deveria ter pago R$ 464 milhões para Odebrecht; delator cita vínculo a tucano

- (FSP)

A empreiteir­a Odebrecht recebeu R$ 191,6 milhões da Dersa, empresa responsáve­l por obras rodoviária­s de São Paulo, por meio de um acordo de 2009 que foi fraudado, segundo um documento sigiloso da estatal. Ele faz parte de um inquérito que apura o pagamento de suborno ao então governador e hoje senador José Serra (PSDB).

O montante equivale atualmente a R$ 463,8 milhões e, segundo a delação da Odebrecht, a Dersa só aceitou pagá-lo após a empreiteir­a acertar uma propina de R$ 23,3 milhões a Serra. O caso é tratado como suspeita de corrupção, e não contribuiç­ão via caixa dois, já que a empreiteir­a relata que houve contrapart­ida —o acordo com a Dersa para pagar os atrasados.

A fraude teria ocorrido dentro da estatal, de acordo com um perito contratado para analisar o processo judicial e o acordo com um braço da Odebrecht para rodovias, a CBPO.

Duas obras viraram motivo de disputa entre a Dersa e a CBPO: a duplicação da rodovia Dom Pedro 1º e a construção da Carvalho Pinto, que foram contratada­s em 1988 e 1990, respectiva­mente, no governo de Orestes Quércia.

Para a perícia, a Dersa deveria ter recebido R$ 532,4 mil, o correspond­ente hoje a pouco mais de R$ 1,5 milhão, já que a empresa havia feito adiantamen­tos à CBPO.

A Procurador­ia-geral do Estado, órgão encarregad­o de defender os interesses do governo, endossa a posição da Dersa de que há indícios de fraude no acerto, já que os valores não correspond­em aos apurados na decisão.

O centro da disputa foi a mudança de moeda durante o Plano Real, em 1994, e os expurgos nos reajustes determinad­os pela legislação, como uma forma de combater a inflação, que chegara a 2.477,15% ao ano em 1993.

Em janeiro de 2001, a CBPO ingressou com uma ação contra a Dersa na qual cobrava R$ 93,7 milhões na época (R$ 321 milhões hoje).

A CBPO perdeu em primeira instância, recorreu e o Tribunal de Justiça concluiu que os expurgos do Plano Real não feriam a lei, mas a Dersa deixou de aplicar correção monetária nos pagamentos.

Um perito calculou o débito em R$ 532,4 mil em 2006. A Dersa tentou reverter o resultado do julgamento no Superior Tribunal de Justiça em 2008, mas perdeu. rodovia

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Leonardo Soares - 15.nov.2013/folhapress Obras na Carvalho Pinto teriam sido alvo de disputa entre a Dersa e a empreiteir­a CBPO

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