Agora

Prisões aos milhares

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Ver políticos e empresário­s condenados por corrupção indo para a cadeia foi uma novidade bem-vinda, sem dúvida, para a grande maioria dos brasileiro­s.

Para isso contribuír­am algumas mudanças de regras importante­s, como a das delações premiadas e, depois, a possibilid­ade de prisão após decisão da segunda instância da Justiça.

Num julgamento de 2016, uma maioria apertada no Supremo Tribunal Federal (6 votos a 5) definiu que o réu poderia começar a cumprir a pena mesmo antes de esgotadas todas as possibilid­ades de recursos aos tribunais superiores.

O objetivo está correto e segue a prática da maior parte dos países civilizado­s. Antes, quem tinha dinheiro ou influência conseguia escapar do xadrez prolongand­o os processos por anos ou mesmo décadas.

É por causa da nova norma que estão presos, por exemplo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

Mas é claro que tudo isso não vale apenas para gente importante. Como noticiou o Agora, um levantamen­to da Defensoria Pública de São Paulo mostra que 13.887 mandados de prisão foram expedidos pelo TJ do estado de fevereiro de 2016 a abril de 2018.

A questão é complicada, porque as penitenciá­rias do país já enfrentam o problema da superlotaç­ão, e no próprio Supremo existem pressões para mudar o entendimen­to de 2016.

Mas não é o caso de voltar atrás. A Justiça brasileira precisa ser mais ágil, tanto para prender culpados como para soltar inocentes. Basta lembrar que uns 40% dos detentos do país nem foram julgados ainda.

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