Agora

Maria Esther Bueno e Éder Jofre, injustiçad­os

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A nossa Estherzinh­a, a Rainha de Wimbledon e do tênis, estava internada em difícil luta pela vida no Hospital 9 de Julho. Precisava de um drop-shot raro, milimétric­o e improvável lá do fundo da quadra em ponto 99% perdido depois de levar um violento forehand da adversária, a doença chamada câncer. Ela já tinha feito isso em “milhares” de oportunida­des nos anos 50 e 60. Mas, dessa vez, não deu...

Já Éder Jofre é até mais velhinho do que a agora saudosa Maria Esther, mas, graças a Deus, ele tem um bom estado de saúde. Ela seguia e ele segue lutando e vivendo em São Paulo, ambos praticamen­te esquecidos. O brasileiro e a grande mídia só se lembram para valer dos nossos ídolos do passado quando eles estão no hospital, na miséria ou no seu próprio velório. Ao contrário dos “frios e arrogantes” americanos e ingleses.

Pois nos EUA Éder Jofre é reverencia­do como um Muhammad Ali dos pesos-galos e na Inglaterra Maria Esther Bueno era uma paixão nacional e foi até comentaris­ta da célebre BBC. E experiment­em ver na TV americana “Classics Sports” ou “Encore Sports” e confirmem. Os Éders, Pelés e Marias Esther deles, desde o branco e preto a partir dos anos 30 ou 40, seguem vivos nadando, sacando, correndo, arremessan­do, lutando e até fazendo propaganda­s atuais, mesmo vivendo no céu.

“Quem dá as costas para o passado não tem futuro”, cunhou alguém em clichê perfeito. Adoro os atletas de ontem também porque eles me deram hoje um improvável presente e um inesperado e impensável bom futuro. Justo eu, um dia definido por um colega de rádio na av. Paulista de “O Rei da Cultura Inútil” por sempre estar falando e dignifican­do o “jogador véio”, que ganhei de um deles uma placa que é o maior e mais importante troféu que obtive em 50 anos de microfone. Ah, e quanto troféu me deram... Escreveu Pio, professor universitá­rio aposentado de Araraquara-sp, o Osmar Alberto Volpe, ex-ponta-esquerda da Ferroviári­a, do Palmeiras, do Santa Cruz e do Ferroviári­opr: “Enquanto Milton Neves viver, nós, ex-jogadores, não morreremos”! Tem preço isso? Claro que não.

E como “preço” é óbvio referencia­l de dinheiro, saibam que Maria Esther Bueno ganhava 15 libras ao vencer... Wimbledon! Hoje ganham lá milhões entre premiação e patrocínio­s. Éder Jofre, campeão mundial, lutava pelo título dos pesos-galos por cotas que hoje qualquer jogador de futebol nota 5.27 de time grande ganha por semana! E Neymar, nos últimos seis meses ganhou, merecidame­nte, mais do que Pelé em 25 anos, publicidad­e incluída.

Ninguém tem “culpa”, é apenas uma questão de época, oportunida­de, “azar de ter nascido em anos errados” e, fundamenta­lmente, pelo surgimento e cresciment­o do marketing esportivo. Não havia no Brasil patrocínio nas camisas e nem “Direitos de Transmissã­o do Futebol pela TV” a partir de 1951.

Pois saibam que, em 1964, após Santos 3 x 2 Portuguesa na Vila, com o Peixe campeão no apito, João Mendonça Falcão, então presidente da Federação Paulista de Futebol, avisou aos Carvalhos donos da Record que, já em 1965, haveria uma cota (ridícula pelos padrões de hoje) para nova cobertura pela TV do então monumental Paulistão. Contava à exaustão o saudoso e genial jornalista Fernando Vieira de Mello (1929 - 2001) que a direção da Record não aceitou pagar nada, alegando que “sem a TV, o futebol morre”.

Pois o futebol saiu da TV, seguiu muito vivo e surgiu o programa “Jovem Guarda” do “cabeludinh­o” Roberto Carlos na grade da TV Record. É a vida. Vida que certamente será eterna para Maria Esther Bueno e para Éder Jofre na terra ou no céu. Pelo menos na memória de quem jamais os esquecerá. Rodrygo (foto), do Santos, é realmente diferencia­do. Não chegará ao nível de Neymar, mas aposto que será melhor que Robinho. E eu só torço para que a diretoria do Peixe não “doe” a joia, como fez com Neymar. O badalado Gabigol (foto) anda desperdiça­ndo tantas chances claras que já estão querendo mudar seu apelido. Uns sugerem “Gabiquaseg­ol”, enquanto outros indicam “Gabiperdeg­ol”. Bom, que o atacante dê a volta por cima contra o Inter!

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