Tráfico supera roubos entre os jovens da Fundação Casa
Até o ano passado, roubos eram principal motivo de internação. Tráfico é menos arriscado, diz diretor
O tráfico de drogas superou os roubos como principal motivo de internação de jovens infratores nas unidades da Fundação Casa no estado de São Paulo. A mudança aconteceu em um ano: em maio de 2017, 46% das internações aconteciam por roubo e 41%, por tráfico. No mesmo mês de 2018, o tráfico foi responsável por 45% e os roubos, por 40%.
Os dados dos motivos das internações são divulgados pela Fundação Casa desde 2015, em relatórios periódicos. Em 19 de junho de 2015, primeira data com dados sobre os crimes que levaram os internos a detenção, 3.925 jovens estavam detidos por tráfico e 4.696 por roubos, simples e qualificados, representando respectivamente 39% e 47% de um total de 9.976.
Já em 30 de maio de 2018, data da última atualização, eram 4.028 jovens cumprindo medidas socioeducativos por tráfico e 3.590 por roubos, respectivamente 45% e 40% de um total de 8.819 adolescentes internados.
Christian Lopes de Oliveira, diretor há dez anos da unidade da Fundação Casa na Vila Maria (zona norte), afirma que a “ostentação” é a motivação dos jovens. “A maioria vem de famílias em que não há criminosos. Entram no crime para comprar tênis e roupas de marca.”
Para o diretor técnico estadual da Fundação Casa, Adilson Fernandes de Souza, o fato de o tráfico superar os roubos ocorre porque muitos jovens traficarem drogas para também usá-las “como pagamento”. Já Oliveira acredita que essa mudança aconteceu porque os jovens preferem se arriscar menos. “O risco de ser morto abordando um policial de folga, em um assalto, é maior do que vendendo drogas”, diz.
O total de adolescentes internados na Fundação Casa diminuiu entre 2015 e 2018, de 9.976 para 8.819, representando uma queda de 11,5% (veja quadro abaixo).