Acordo entre Trump e Kim apresenta condições vagas
Presidente dos EUA e ditador da Coreia do Norte assinaram documento ontem, mas existem dúvidas
Em condições ainda vagas e com compromissos que ficaram de fora do papel, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram ontem, em Singapura, declaração conjunta que prevê a desnuclearização da península Coreana, no qual os dois países se comprometem com a “paz e prosperidade” na região.
Em troca do compromisso de desnuclearização, os EUA se comprometeram a interromper os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul na península, que desagradaram o norte-coreano durante as negociações para a cúpula de ontem e quase ruíram o encontro. As tropas americanas, porém, continuam em solo sul-coreano.
O documento marca uma aproximação histórica, mas repete o compromisso de dar fim às armas nucleares feito por Kim no fim de abril, em uma reunião com a Coreia do Sul, e não estabelece, por ora, passos concretos rumo à desnuclearização.
Um dos principais itens do combinado entre Kim e Trump, a destruição de um local de testes de mísseis nucleares, foi obtido após a assinatura final, segundo o americano “e ficou de fora do documento divulgado pelos dois países”.
As sanções econômicas permanecem inalteradas, até que sejam tomados passos concretos rumo à desnuclearização, de acordo com o americano. E o esperado término oficial da Guerra da Coreia (1950-53), que divide a península Coreana, não foi anunciado desta vez.
Antes da assinatura, os dois líderes almoçaram juntos e tiveram um encontro de quase 40 minutos. Não, está ainda muito longe disso. O texto fala apenas em “sólido compromisso com a total desnuclearização da península Coreana”, mas não dá detalhes de como isso funcionaria. Além disso, está bastante aquém do desejado por aliados de Donald Trump, por não mencionar a necessidade de inspeções e de ser irreversível
Os próximos encontros entre autoridades dos diplomatas dos dois países serão responsáveis por decidir essas medidas, mas é preciso lembrar que os norte-coreanos têm um histórico de blefes, não cumprindo as promessas após alcançarem suas metas Não, mas é mais um passo depois do encontro entre os líderes das duas Coreias em abril. O acordo fala em “construção de um regime de paz sólido e duradouro”, porém, o fim da guerra depende da assinatura da China, além do aval dos EUA e das duas Coreias Apesar de o vídeo apresentado por Trump para Kim Jong-un falar em promessas de investimentos no país, o ditador nortecoreano aparentemente não indicou nenhuma mudança no regime