Brasileira, ex-primeira-dama de El Salvador, acaba presa
Vanda Pignato estava internada quando foi detida; ela é suspeita de participação no desvio de R$ 1,3 bi
A brasileira Vanda Pignato, ex-primeira-dama de El Salvador, foi presa anteontem. Ela é acusada de ter participado de um esquema comandado por seu ex-marido, o ex-presidente Mauricio Funes, que teria desviado US$ 351 milhões (R$ 1,3 bilhão) dos cofres públicos.
Um juiz tinha ordenado na segunda-feira a prisão da ex-primeira-dama, que já foi ligada ao PT, por lavagem de dinheiro de US$ 165 mil (R$ 611 mil).
Pignato foi detida pela polícia em um hospital na capital, San Salvador. Não foram revelados detalhes de sua saúde, mas ela luta contra um câncer.
Na semana passada, a Justiça já tinha ordenado a prisão de Funes e de 30 de seus aliados, incluindo dois filhos. O ex-presidente, porém, continua solto porque vive desde 2016 na Nicarágua.
Funes assumiu a Presidência em 2009, levando ao poder o partido formado a partir da antiga guerrilha de esquerda FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), em campanha comandada pelo marqueteiro brasileiro João Santana.
Em sua delação premiada no Brasil, Santana afirmou que participou da campanha de Funes a pedido do expresidente Lula e que ela foi bancada com dinheiro de caixa 2 da Odebrecht. Os advogados do petista afirmam que a acusação é mentirosa.
Pignata ingressou no PT no período de formação da legenda, nos anos 80, e exerceu o posto de representante do partido na América Central, desde que se mudou para El Salvador, em 1992.
Em 2013, o então chanceler do governo de Funes, Jaime Miranda, afirmou que a relação de Pignato com o PT e com Lula permitiu ampliar as relações bilaterais entre os dois países.
Funes deixou o cargo ao fim de seu mandato, em 2014, e pouco depois anunciou a separação de Pignato.
Ele foi substituído por seu vice e atual presidente, Salvador Sanchez Ceren, de quem a brasileira era secretária de Inclusão Social.
Apesar disso, Sanchez Ceren afirmou concordar com investigações. “Como governo, rejeitamos qualquer ato de corrupção, onde quer que seja, e apoiamos todas as ações necessárias para a defesa dos recursos públicos. Não toleraremos ninguém que tenha traído a confiança do povo de El Salvador”, disse o gabinete do presidente.
Já Funes afirmou pelas redes sociais que não cometeu nenhum crime e disse que as acusações contra ele e sua família são políticas e orquestradas por grupos conservadores.