Vaquinha e mutirão driblam grana curta na Copa da crise
Mesmo sem dinheiro, brasileiro usa jeitinho e consegue enfeitar as ruas para entrar no clima do Mundial
Sem trabalho fixo, o pintor autônomo Edmar da Silva, 36 anos, não está em situação financeira confortável. Mesmo assim, liderou a iniciativa de manter uma tradição que se repete a cada quatro anos na travessa Flávio Biondo, no Jardim Elisa Maria (zona norte de SP), onde mora: enchêla de verde e amarelo para estimular a torcida pelo Brasil na Copa do Mundo.
“Fiz uma vaquinha com os vizinhos, em que eu mesmo entrei com R$ 50. Juntamos R$ 200 para comprar cal, tintas, barbante e plástico. E a molecada participou do mutirão para pintar o escadão”, conta Silva, que se diz amante de futebol. “Em toda Copa a gente sempre faz isso e, mesmo que neste ano o momento financeiro esteja pior, não vamos deixar de torcer. Na periferia isso é comum: cada um colabora como pode e, sendo possível, todos se ajudam.”
A centenas de metros dali, a união de forças também deixou a rua Luís Juarez no clima da Copa. A iniciativa, no caso, partiu do auxiliar comercial Luiz Ricardo do Carmo Galvão, 35 anos. “Mudei-me para outra rua, aqui perto, há três anos. Mas ainda tenho muitos amigos aqui e, para manter a tradição, fiz a vaquinha”, diz ele.
Galvão angariou R$ 250 com cerca de 20 moradores e reuniu umas dez pessoas para pintar ruas e muros, além de montar uma bandeira do Brasil desenhada em um mosaico de fitas plásticas amarradas nos postes. “Também queremos colocar telão na rua e fazer churrasco em dias de jogo do Brasil. Só que a grana está curta e, talvez, a picanha dê lugar ao acém”, brinca. “Mas a gente sempre dá um jeito. Um dá R$ 10, outro apoia com R$ 20, uns não dão nada porque não podem, mas todo mundo participa e engrossa o coro da torcida.”