Na vitória ou na derrota, cerveja e churrasco
“Meu Deus do céu, Peta!”, esbravejou Seu Gino. Enquanto recordava orgulhosamente o tempo em que dirigia Geromel, o ex-treinador do Cruzeirinho não resistiu ao ímpeto de criticar um passe errado do volante, que acertou tantos outros.
Ele conversou com a reportagem na manhã do último domingo, durante o jogo da equipe do Tatuapé contra o Revelação, de Cangaíba, também da zona leste paulistana. À beira do campo em que o time manda seus jogos, atrás da estação Carrão do Metrô, o agora torcedor teve momentos de irritação.
O cabeça de área Ratão deu seus desarmes, o meia Armando achou passes precisos e o atacante Betinho mostrou habilidade para controlar a bola no terreno irregular. Mas parece seguro dizer que nenhum dos jogadores da formação atual disputará uma Copa do Mundo.
Não chega a ser um grande problema. Se o Cruzeirinho não tem hoje um Geromel ou a qualidade que lhe rendeu impressionante série de 58 partidas sem derrota em 1984, continua vivo o espírito da equipe de 67 anos.
O banco de reservas tem mais corneteiros do que suplentes. A cerveja gelada é fornecida por Doriana, que protege o isopor do calor no próprio banco. Um cachorro e uma criança brincam com a bola quando ela resolve tomar sua direção.
Foi nesse cenário que o time perdeu por 1 a 0 no último final de semana. Nem os convenientes sete minutos de acréscimo e o contestado pênalti marcado no finalzinho impediram a derrota.
Betinho bateu rasteiro, no canto direito, no poste, no lance derradeiro. Então, todos partiram à sede do clube, a um quilômetro dali, e se juntaram ao quadro de másteres, que havia jogado em outro campo. O clima no churrasco não foi de lamentação pelo resultado.