Seu Luiz mantém chama acesa e prepara sucessores
Os 70 anos já não lhe permitem encarar o acidentado campo do Sampaio Moreira, onde joga o Cruzeirinho, correndo atrás da bola. Isso não impede que Luiz Aurichio, o popular Seu Luiz, seja um craque da equipe.
É o carismático corretor de imóveis, vice-presidente do clube, quem marca as partidas. É ele quem telefona aos atletas sumidos, que sofrem para acordar na manhã de domingo. E é ele quem cuida da próxima geração.
Se o desgaste no fêmur fez ficar na memória os tempos de quarto-zagueiro, Seu Luiz agora vê o filho Luizinho, de 34 anos, ocupar seu antigo posto. Durante a partida, ele tem também a função de dar atenção ao ágil neto Leonardo, de quatro anos, que promete ser atacante.
O empenho nessa tarefa é até maior do que o recomendado, como atestou Luizinho no último domingo. “Não era salgadinho ou refrigerante, Léo? O vovô deu os dois, né? Agora, é segredo nosso.”
O que não é segredo é o empenho dos Aurichio e de muitos outros para que o Cruzeirinho sobreviva. Há um esforço administrativo para manter a sede, que teve o piso térreo alugado para uma lanchonete e um centro de treinamento de beisebol.
Moacir Moraes recebeu no mês passado a presidência de Mario Mandruzatto e deu sequência à batalha. Não é fácil, mas, como já ocorria em 1951, em um Tatuapé bem diferente, a bola rola.
Três quadros, de distintas faixas etárias, revezam-se em campo. Na área da churrasqueira, à qual à diretoria tem dado especial valor, para deixar o “clima bem familiar”, há espaço para todos.
Hoje, por causa da partida do Brasil, só jogarão os veteranos. Em seguida, a turma azul e branca dispensará as chuteiras e ligará a TV para torcer pela seleção, orgulhosa por ver um de seus filhos de verde e amarelo.