Joesley Batista e ex-procurador viram réus por corrupção
Procuradoria acusa delatores da JBS, de oferecer vantagens indevidas a Miller, que era da Lava Jato
A Justiça Federal em Brasília aceitou denúncia de corrupção contra o ex-procurador Marcello Miller, os delatores da JBS Joesley Batista e Francisco de Assis, além da advogada Esther Flesch.
A acusação, apresentada na segunda pela Procuradoria da República no Distrito Federal, foi acolhida pelo juiz Francisco Codevila Pinheiro Filho, da 15ª Vara Federal.
Os quatro tornaram-se réus e vão responder a uma ação penal. Eles negam as acusações. A Procuradoria afirma que os delatores ofereceram vantagens indevidas a Miller, valendo-se da condição dele de membro do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR (Procuradoria-geral da República). O objetivo seria obter um bom acordo de colaboração com a PGR, envolvendo imunidade para se livrar de penas.
A peça de acusação sustenta que fatura de R$ 700 mil, emitida por um escritório de advocacia contratado pela JBS, mostra que, ilicitamente, o ex-procurador receberia por horas trabalhadas para os delatores quando ainda estava na PGR.
A denúncia diz que “um integrante do grupo da Lava Jato foi o estrategista dos acordos de colaboração”, orientando delatores a “obter os benefícios da imunidade, ajudando a redigir anexos, prestando aconselhamentos jurídicos e encontrando-se diversas vezes com corruptores”.
A defesa de Joesley Batista reafirmou que o colaborador não praticou o crime a ele imputado. A defesa de Francisco de Assis sustentou que a J&F contratou o TRW —”banca até então referência em integridade”— para assessorá-la no acordo de leniência da J&F. Em nota, os advogados de Miller reafirmaram que, em sua “atividade preparatória junto à empresa J&F”, o ex-procurador “atuou em caráter privado, usando apenas seu conhecimento jurídico e sua experiência profissional, sem envolver nenhum aspecto da função pública”. A defesa de Esther também negou irregularidades.