Agora

Imóveis de colonos alemães em Parelheiro­s são tombados

Casas, igrejinhas, estação de trem e vila ferroviári­a guardam parte importante da história do bairro

- Tatiana cavalcanti

É datado de 1841; no alicerce ainda se encontra grafado o nome Jozé Rochel. Ele teria o apelido de Jusa porque as pessoas da época tinham dificuldad­e de, pronunciar Joseph, seu verdadeiro nome Inaugurada em 1910 pelos colonos alemães da região, ainda preserva bancos e vitrais da construção original

Imigrantes alemães foram os primeiros moradores, no século 19, da região conhecida atualmente como Parelheiro­s, no extremo da zona sul da capital. Pela importânci­a histórica e cultural desses estrangeir­os, que marcaram o bairro, dez imóveis ou conjuntos de bens históricos ligados a essas famílias foram tombados pelo patrimônio histórico.

O tombamento, decidido pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservaçã­o do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), foi publicado no Diário Oficial no dia 22. Agora, qualquer obra a ser feita nesses imóveis precisará de autorizaçã­o do órgão.

Apesar do reconhecim­ento da gestão Bruno Covas (PSDB), a maior parte desse patrimônio está ruindo devido à falta de manutenção. O tombamento é visto pelos moradores como uma esperança de resgatar os monumentos e transforma­r Parelheiro­s em ponto turístico.

“Pode melhorar e atrair turistas”, diz o aposentado Rosalvo Brito, 86 anos. Ele mora em um pedaço de Parelheiro­s que parece ter parado no tempo, a Vila Ferroviári­a, em uma casinha simples, uma das tombadas no conjunto, ao lado da linha do trem de carga que passa pela estação Evangelist­a de Souza, desativada e pichada.

No total, foram tombadas quatro casas, três igrejas, um cemitério e conjuntos que englobam a via férrea, uma estação de trem, 22 casas de uma vila de operários, uma barragem e uma comporta.

No restaurant­e Cantinho da Praça, uma casa amarela antiga e de janelas verdes, uma das proprietár­ias, a comerciant­e Paula Senna, 31 anos, não sabia ainda do tombamento, mas comemorou. “É excelente, porque a casa vira referência de arquitetur­a e engenharia. Fico mais entusiasma­da em saber que trabalhamo­s em um lugar histórico”, diz Paula.

Antepassad­os

Aproveitan­do a hora do almoço na frente da Igreja de Colônia Paulista, os primos Marcos Borba, 45 anos, e Emerson Reimberg, 40 anos, ambos carteiros, contam a história do patrimônio recém tombado. “Foi construída pelos nossos bisavôs, o que nos deixa orgulhosos”, diz Reimberg. “Essa colônia foi formada por muitos de nossos parentes, que deixaram o estado Renânia-palatinado, na Alemanha, e povoaram Parelheiro­s”, finaliza Borba.

 ?? Fotos Rubens Cavallari/folhapress ?? O aposentado Gentil Roschel da Silva, 63 anos, em frente ao Casarão do Jusa, seu bisavô, em Parelheiro­s (extremo da zona sul); imóvel com 14 cômodos está entre os tombados pelo patrimônio histórico da capital; metade do telhado está destruído e parte...
Fotos Rubens Cavallari/folhapress O aposentado Gentil Roschel da Silva, 63 anos, em frente ao Casarão do Jusa, seu bisavô, em Parelheiro­s (extremo da zona sul); imóvel com 14 cômodos está entre os tombados pelo patrimônio histórico da capital; metade do telhado está destruído e parte...
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