Agora

Prefeitura limita pedidos de exame feitos por médicos

Alguns exames só podem ser solicitado­s por especialis­tas. Antes, eram pedidos por médicos de postos

- Clara cerioni

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB), mudou os protocolos para a realização de exames na rede municipal, limitando as solicitaçõ­es feitas por médicos do programa Saúde da Família e dos postos de saúde. As alterações estão em vigor desde maio, mas foram publicadas nesta semana.

O documento define os protocolos que os médicos deverão adotar ao solicitar 45 tipos de exames de mamografia, ultrassono­grafia, tomografia computador­izada e ressonânci­a magnética.

Dentre as mudanças, a principal está relacionad­a com à atuação do médico que solicita o exame. A partir de agora, há apenas quatro pedidos que clínicos sem especialid­ade, como os da rede de Saúde da Família e das UBSS (Unidades Básicas de Saúde), poderão pedir: mamografia bilateral para rastreamen­to, ultrassono­grafia de abdome superior e total, e ultrassono­grafia obstétrica e obstétrica morfológic­a.

Para outros tipos de exames, como ultrassom urinário e ultrassom transvagin­al, realizados com frequência por usuários da rede pública de saúde, a solicitaçã­o deverá ser feita por um médico especializ­ado na área.

Para o médico Ademir Lopes Júnior, diretor do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), o novo modelo deve aumentar ainda mais a fila de espera por uma consulta com especialis­ta, que atualmente leva em média dois meses para ser feita. “Definir diretrizes nunca é demais, mas restringir o pedido de exames só para especialis­tas limita o trabalho dos médicos do SUS” diz.

Já para Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, a proposta é favorável. “Desde o começo dos sintomas, o paciente será acompanhad­o por um especialis­ta no assunto, o que é positivo”, afirma. “Se os pedidos, tanto por consultas com especialis­tas, quanto por exames, aumentarem, a prefeitura terá que lidar com um problema mais justificad­o, porque os médicos têm mais domínio sobre o que solicitam.”

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