Ex-secretário de Alckmin mandou destruir papelada
Funcionária disse em depoimento que titular dos Transportes mandou triturar documentos de órgão
O ex-secretário de Logística e Transportes do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Laurence Casagrande, mandou triturar documentos dentro desse órgão público quando estava no cargo, segundo o depoimento de uma secretária à Polícia Federal. A Folha de S.paulo obteve uma cópia do documento sigiloso.
O relato da secretária foi um dos motivos citados pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, para decretar a prisão por tempo indeterminado do ex-secretário no último sábado.
Casagrande foi preso com outros investigados no último dia 21, sob suspeita de ter atuado num esquema que resultou no superfaturamento de cerca de R$ 600 milhões na obra do Rodoanel Norte, segundo o Tribunal de Contas da União. O rodoanel é uma das vitrines de Alckmin, candidato à Presidência pelo PSDB.
A secretária que contou sobre a destruição de supostas provas, Tatiana Mendes Souza, 33, foi voluntariamente à Polícia Federal contar sobre a ordem que teria recebido de Casagrande para triturar documentos. Ele diz que executou a tarefa junto com outra secretária, chamada Valdineia Pavani.
Tatiana, que trabalhou por 11 meses com Casagrande na secretaria, disse o seguinte: “Que os documentos a serem destruídos pela depoente e Valdineia foram separados pelo próprio Laurence e entregues à depoente em sua sala; que seguindo a ordem superior efetivou a destruição de todos os documentos sem saber o seu conteúdo, como de praxe”.
De acordo com a secretária, foi a única vez que Casagrande deu uma ordem dessa natureza para ela.
Quando os policiais chegaram à Dersa em 21 de junho para cumprir o mandato de busca e apreensão, eles descobriram mensagem de Casagrande determinando a destruição de documentos na caixa de mensagens do ex-secretário. A mensagem era datada de 12 de dezembro. Tatiana disse à PF que o email era verdadeiro.