Agora

Delator da JBS relata pressão para ajudar Michel Temer

Advogado afirma que um ex-assessor do governo insistiu por acordo judicial para apoiar o presidente

- (FSP)

Um delator da JBS, o advogado Francisco de Assis e Silva, disse à Polícia Federal que foi pressionad­o a fechar um acordo judicial envolvendo uma das empresas do grupo para ajudar financeira­mente o presidente Michel Temer. De acordo com o depoimento do executivo, foi José Yunes, amigo há décadas do emedebista, quem insistiu para que o negócio fosse acertado.

Ainda segundo essa versão, Yunes fez uma intermedia­ção para outro advogado, Paulo Henrique Lucon, que estava na causa em questão.

Lucon foi nomeado por Temer para integrar a Comissão de Ética Pública da Presidênci­a em março deste ano.

O episódio da pressão, segundo o executivo da JBS, ocorreu em junho de 2015.

Yunes é um dos melhores amigos de Temer e foi assessor especial de seu governo até dezembro, quando foi citado na delação do ex-executivo Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, como intermediá­rio de um pacote com R$ 1 milhão que conteria dinheiro para campanhas.

Segundo a versão levada à PF, Temer receberia uma parte dos honorários. O depoimento de Assis e Silva é de 23 de maio deste ano.

O advogado da JBS afirmou desconhece­r a relação comercial entre Lucon, Yunes e Temer. O caso não entrou na colaboraçã­o premiada da empresa. O depoimento de Assis e Silva foi em meio à investigaç­ão da participaç­ão do ex-procurador Marcello Miller na delação.

O executivo afirmou à PF que não delatou o episódio por achar que era uma questão de “âmbito privado, sem ocorrência de ilícitos”.

Segundo o advogado, Yunes procurou primeiro Joesley Batista, dono da JBS.

“Que depois indagou Joesley sobre o encontro, ao que foi informado por Joesley que o pedido partiu direto de Yunes para que fosse atendido por alguém de jurídico”.

Resposta

Procurado pela reportagem, Yunes disse que “exerce a advocacia de forma ética há mais de 50 anos e jamais utilizou influência política em seu trabalho”. Para o exassessor de Temer, a “acusação do delator é falsa e representa mais uma ilegalidad­e na questionáv­el delação da JBS”. Em nota, o Planalto afirmou que “o presidente não teve qualquer participaç­ão neste processo e desconhece essa ação”.

O advogado Paulo Lucon disse que “nunca houve qualquer tipo de pressão para ser feito acordo” e afirmou que a declaração do delator da JBS à Polícia Federal “é uma mentira”.

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Pedro Ladeira/folhapress O presidente Michel Temer ontem durante assinatura de medida provisória para os setor do saneamento básico; planalto negou participaç­ão em esquema

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