Matemática agrava abismo entre as escolas no Enem
Redes estaduais têm desempenho pior em todas as áreas; na disciplina de exatas, distância é maior
A matemática é a disciplina que mais agrava o abismo entre as escolas estaduais e privadas no país. Os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2017 mostram desempenho inferior das redes estaduais em todas as áreas avaliadas na prova —em matemática essa distância é de até 67%.
A média das escolas privadas no Enem, de 591,25, é mais de 90 pontos acima da rede estadual. As escolas ligadas às secretarias estaduais de Educação abrigam oito de cada dez alunos do ensino médio. Na outra ponta, está a área de linguagens, com uma distância de 53,9 pontos. A prova objetiva do Enem, no formato de múltipla escolha, avalia ainda ciências da natureza e ciências humanas.
A reportagem calculou as médias por escola a partir de dados brutos e oficiais do Enem 2017. Só tiveram notas unidades com ao menos metade dos alunos do 3º ano no Enem (respeitado, ainda, um mínimo de dez estudantes). O método é igual ao adotado em anos anteriores pelo Ministério da Educação.
O desempenho em matemática é considerado referência por ser um conhecimento basicamente escolar.
O abismo na matemática entre escolas privadas e estaduais varia em cada estado. Em oito estados, a diferença é maior de 90 pontos, a média para o Brasil.
Do total de escolas acima da média em matemática, públicas ou privadas, 80% têm alunos entre os níveis socioeconômicos mais altos.
Só 12 escolas estaduais com nível socioeconômico baixo têm nota de matemática acima da média. A Augustinho Brandão, de Cocal do Alves, interior do Piauí, é a campeã do grupo, com média de 602,69.