Sem provas
Quando se pede rapidez da Justiça nos processos contra poderosos, é preciso ter em mente que muitos casos terminarão em absolvição. E, às vezes, por bons motivos.
Merece atenção o caso em que um juiz federal absolveu o ex-presidente Lula (PT), o banqueiro André Esteves, o ex-senador Delcídio Amaral e outros quatro acusados de obstrução da Justiça.
O grupo teria, conforme o Ministério Público, conspirado para de silenciar Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras que procurava delatar o envolvimento de Delcídio Amaral em corrupção na estatal.
O filho de Cerveró, Bernardo, gravou conversas em que o ex-senador oferecia dinheiro e outros favores a fim de obter o silêncio do delator, que envolveria os denunciados na organização dos desvios.
O então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu em 2015 a prisão de Delcídio e Esteves, entre outros, o que foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal. Em julho de 2016, o juiz Ricardo Leite aceitou a denúncia do Ministério Público. Em setembro de 2017, a procuradoria pediu a absolvição dos envolvidos.
Ficou claro que não havia provas para condenar ninguém. É mais um episódio em que a acusação se baseava apenas em delações premiadas. Elas são importantes, ainda mais em casos de corrupção. Mas é preciso ir atrás de evidências que comprovem os testemunhos. Sem isso, há o risco de jogar reputações na lama e promover prisões sem motivos sólidos.