Comando envelhecido nas entidades
Quando Fábio de Salles Meirelles assumiu a presidência da Faesp (Federação da Agricultura de São Paulo), em 1975, o general Ernesto Geisel presidia o Brasil, um jovem chamado Bill Gates fundava a Microsoft e o cantor John Lennon estava em turnê pelo Reino Unido com o novo sucesso Imagine.
Há 43 anos no cargo, Meirelles é o mais antigo dos líderes de entidades patronais brasileiras, mas não o único a se eternizar no poder.
Antonio José Domingues ocupa a presidência da CNC (Confederação Nacional do Comércio) faz 38 anos. José Arteiro da Silva, Abram Szajman e José Roberto Tadros também estão no comando das federações do comércio de Maranhão, São Paulo e Amazonas há, respectivamente, 35, 34 e 32 anos.
Nas últimas duas semanas, a reportagem pesquisou as 114 confederações e federações de agricultura, indústria, comércio e transportes do Brasil. O resultado mostra um sistema envelhecido, com baixa rotatividade e diversidade, cada vez mais político, e sobre o qual pairam suspeitas de nepotismo, desvio de recursos e corrupção.
Pessoas que conversaram com a reportagem dizem que dois fenômenos explicam a longevidade dos líderes. O primeiro é a falta de disposição das multinacionais para o comando de entidades. Sem querer expor os executivos, deixam as entidades para empresários locais
O segundo é o abuso de poder do comando das federações, que se aproveitam da pouca representatividade e do baixo poder econômico de muitos sindicatos para conquistar voto com pequenos favores.
Há também casos de fraude, com sindicatos que existem apenas no papel.