Agora

Vavá croata: o faro do tubarão Mandzukic

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Nunca vi Vavá (1934 2002), o que disputou duas Copas e ganhou as duas.

Nem nas tradiciona­is, maravilhos­as, eternas e emocionant­es festas dos veteranos do Palmeiras. Ou ele não foi quando fui, ou não fui quando ele foi.

Uma pena, cresci ouvindo “Vavá” no rádio. Vavá e Pagão, os nomes que mais me marcaram. Pelé não vale.

Nunca entreviste­i Vavá. Nem no rádio. Mas estava no estúdio da Jovem Pan quando o repórter Luís Carlos Quartaroll­o colocou no ar entrevista sua gravada com o “Leão da Copa” ou o “Peito de Aço” (bem antes de Dadá Maravilha).

Mesmo que nem toda gravação no ar mereça a atenção devida por parte de nós, sete ou oito tagarelas de estúdio, coloquei o fone porque queria saber como era a voz do pernambuca­no das seleções de 58 e de 62, do Atlético de Madrid e do Palmeiras.

“Centroavan­te na área é mais ou menos como um tubarão no mar: tem que ter faro, come o que aparece, vive de resto e sobrou uma bola mete a ‘chanca’ (chuteira) nela e a enfia na rede”, foi direto.

Ah, claro, reprisei no “Plantão de Domingo” e no “Terceiro Tempo” várias vezes e arquivei a entrevista no esquecimen­to.

Também, são 50 anos de microfone e quantas entrevista­s, sô. Ah, se soubesse que um dia ia existir essa tal de internet...

Mas naquele Croácia 2 x 1 Inglaterra, desta última quarta-feira, Vavá renasceu, reavivou minha memória cansada e abarrotada de amor pelo jogador de ontem e Vavá voltou a... jogar! Mario Mandzukic foi Vavá na prorrogaçã­o quando do segundo gol croata!

A bola “pererecou” (criação do jornalista Mauro Beting) na pequena área inglesa em mais um ataque da esfalfada Croácia. A defesa inglesa “conjurou” (eterno Fiori Gigliotti) o perigo e a bola sumiu da televisão por milésimos de segundos.

Aí todos vimos os dois aliviados zagueiros ingleses já saindo da pequena área ao lado de Mario “Vavá” Mandzukic, com os três olhando para frente, de costas para o gol.

Mas, de repente, com enorme felicidade e tecnologia, a televisão pega a bola voltando para a pequena área com os zagueiros ingleses de raciocínio lerdo ou normal no contrapé e um Mandzukic, de reflexo e faro de tubarão ou de Vavá, já girando em posição contrária de seus marcadores.

Quando os beques da Rainha acordaram, Mandzukic já estava virando o corpo, preparando o chute e seu pé esquerdo para, sem olhar para o gol ou para o goleiro, enfiar a bola na rede. Reflexo puro de matador, de predador da área! Gol de centroavan­te ou de “centravant­e” (é assim no interior de Minas Gerais), viu, Tite? “Centravant­e” é marcador de gol e não “marcador tático”!

Golaço de Mario Mandzukic! Golaço de... Vavá! Vavá, o sábio e imparável artilheiro que explodiu no Vasco. Colaborou Thiago Tufano Silva Mandzukic (foto) aprendeu direitinho a lição do professor Vavá: na chance que teve, balançou as redes e colocou a Croácia em sua primeira final de Copa. É isso! Centroavan­te é marcador de gols, jamais “marcador tático”. Certo, Tite? Neymar (foto) foi o “chuteira de lata” da Copa de 2018. Ele pode até não ter jogado tão mal, mas as insistente­s encenações fizeram com que o craque do PSG virasse chacota mundial. Que ele coloque a cabeça no lugar e dê a volta por cima!

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