O peso do centrão
Na política brasileira, o termo “centrão” costuma ser usado para definir um grupo de partidos sem muita identidade, que apoia o governo (qualquer governo) em troca de cargos e verbas.
Hoje em dia, é como tem sido chamado o bloco formado por PP, PR, PRB, Solidariedade e DEM. É uma turma das mais atrasadas, mas continua influente no país.
Agora mesmo, o centrão promoveu uma mexida importante na corrida presidencial ao indicar que vai apoiar o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB.
Até então, membros do grupo vinham negociando com Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL), que acabaram ficando sem alianças.
Dá para entender a escolha, embora o tucano paulista não ande bem nas pesquisas. Ele é experiente e mais confiável.
Ciro Gomes, que está na sétima filiação partidária, vem buscando votos dos eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba. Vai ter problemas quando o PT anunciar outro candidato, como se espera.
Já Bolsonaro deve boa parte de seu prestígio ao discurso que faz contra políticos. Não é à toa que enfrenta dificuldades para fechar acordos.
Grandes parcelas do centrão estiveram nos governos tanto do PSDB como do PT. Quando a gestão da petista Dilma Rousseff foi para o buraco, apoiaram o impeachment e ficaram com Michel Temer (MDB).
Com o grupo, Alckmin vai ganhar muito mais tempo de TV e palanques regionais. Mas é claro que isso não vai sair de graça.
Duro é lembrar que, desde a volta da democracia, ninguém conseguiu se segurar no Planalto sem esse tipo de arranjo.