Vacina contra a pólio fica abaixo da meta e preocupa
Prefeitura estima que ao menos 18 mil crianças de 1 ano deixaram de tomar a dose em SP
Levantamento feito pela Secretaria Municipal da Saúde, sob gestão de Bruno Covas (PSDB), aponta que a cobertura da vacina contra a poliomielite, vírus que pode causar paralisia, em crianças até um ano chegou a 84,8% da cobertura na capital, quando deveria ser de 95%. Para alcançar a meta, faltou vacinar 17.942 crianças.
A diferença parece ser pouca, mas, para médicos e especialistas, ela é significante. Helio Arthur Bacha, coordenador da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que a cobertura vacinal da poliomielite —e outras vacinas— ficar em média 10% abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é preocupante. “O ideal é ser de 95% para cima, ainda mais com os surtos recentes de sarampo pelo Brasil.”
No caso da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, a cobertura em São Paulo foi de 86,1%, então 15.605 ficaram sem a vacina. Na segunda dose, esse percentual caiu ainda mais: 54,9%.
Até terça-feira, o Ministério da Saúde computou 677 casos confirmados de sarampo no país, sendo 444 no Amazonas e 216 em Roraima. Em São Paulo, um caso já foi confirmado.
A reportagem percorreu quatro UBSS (Unidades Básicas de Saúde) e conversou com mães que, apesar de alegarem que os filhos tomaram as vacinas, não sabiam quais e para o que servem. Foi o caso da autônoma Clarice Ferreira, 21, que estava com o filho Carlos Roberto, com um mês de vida, na AMA/UBS Vila Palmeiras, Freguesia do Ó (zona norte). Ela se diz leiga em vacinação.
“Têm três [vacinas] marcadas lá [na carteirinha de vacinação] que meu filho já tomou, mas não sei o nome e nem pra quê serve”, disse. Ela ressaltou que apesar de não saber, considera importante tomar e “não deixar faltar nenhuma”.
Já a auxiliar de limpeza Aline Cristina Siqueira, 30 anos, se informou com a enfermeira. “Meu filho teve que tomar quatro vacinas de uma vez e estranhei, perguntei para o que serviam.”