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Ataque de escorpião cresce em SP, e falta antiveneno

O estado já registrou 11,5 mil casos neste ano. Até o início de julho, cinco vítimas do interior morreram

- (FSP)

Desde que Bryan Gabriel Alves, 6, morreu, em abril deste ano, após ser picado por um escorpião enquanto brincava no quintal de casa, sua mãe, Arlete Amaral, vive à base de remédios.

As circunstân­cias da morte do garoto de Barra Bonita (267 km de SP), agravaram o drama da família. No hospital, não havia o soro que funciona como antiveneno. Bryan foi transferid­o para outra unidade, a 20 km, retardando o atendiment­o.

Arlete enterrou seu filho no mesmo cemitério onde trabalha. “Clamamos por soro, para que outras mães não passem o que eu passei.”

O caso do garoto reflete uma preocupaçã­o crescente, principalm­ente, no interior paulista: os ataques de escorpião subiram nos últimos anos, e a ausência em algumas unidades de saúde do antídoto para evitar que o veneno se espalhe é motivo de troca de acusações entre os governos estadual e federal.

Neste ano, houve 11,5 mil casos de ataques de escorpião em São Paulo —mais de 2 por hora. Entre 2015 e 2017, houve um cresciment­o de 44%. Até o início deste mês, foram ao menos cinco mortes no estado, todas no 2015

Clima

2016 2017 11,5 mil casos foram registrado­s até junho de 2018 Mais de 60 ataques por dia em 2018 5 pessoas morreram interior, segundo a Secretaria de Estado da Saúde da gestão Márcio França (PSB).

Entre as hipóteses para a alta de ataques estão as mudanças climáticas —os invernos menos rigorosos são ideais para a adaptação de escorpiões. Especialis­tas ainda citam como fator contribuin­te a degradação ambiental, que agrava a presença dos aracnídeos em área urbana, onde não estão seus predadores naturais.

Nas cidades, encontram condições favoráveis para proliferaç­ão, como acúmulo de entulho e lixo, diz Fan Hui Wen, médica e gestora do núcleo estratégic­o de venenos e antiveneno­s do Instituto Butantan. “Não é exatamente uma epidemia. Há alguns anos que temos visto esse cresciment­o no país todo”, afirma a especialis­ta.

Soro

Assim como a de Bryan, outras famílias de vítimas também reclamam da falta do soro antiescorp­iônico.

O governo paulista nega desabastec­imento, mas diz que o envio de ampolas pelo governo federal tem sido irregular. Segundo a Secretaria da Saúde, a necessidad­e mensal é de 650 ampolas, só que “o Ministério da Saúde tem feito entrega parcial e neste mês foram recebidas 120 ampolas”.

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Juliana Lobato/folhapress Arlete Amaral, mãe de Bryan Gabriel Alves, que morreu após ser picado, com o marido José Andrade de Oliveira e o filho mais velho Kauan Felipe Alves Calobrizo

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