Mercado de trabalho não deve se recuperar
Piorado pela greve, o saldo negativo de 661 vagas em junho enterra a chance de crescimento no ano
No acumulado de 2018, o saldo é positivo, com a criação de 392.461 empregos
1,04%
Pela primeira vez em 2018, no mês de junhos, as demissões superaram as contratações com carteira assinada, segundo números de junho divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.
Após a desaceleração nos meses anteriores, o corte de vagas terminou de frustrar a expectativa de recuperação do emprego neste ano.
O saldo do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) ficou negativo em 661 vagas em junho.
Em igual mês do ano passado, o resultado foi positivo em 9.821 vagas formais.
O desempenho ruim se torna mais significativo por ter sido registrado em um mês que costuma ter criação de emprego, segundo o professor da USP Hélio Zylberstajn. “Esse período do ano, em uma época normal, estaríamos com crescimento no emprego”, disse. “Esse dado acaba de enterrar a esperança que a gente tinha há seis meses, de que este seria um ano bom”, avalia.
Desde 2002, o mês de junho só havia tido resultados negativos em 2015 e 2016.
Zylberstajn diz que a paralisação dos caminhoneiros, que afetou o desempenho da economia brasileira em diversos aspectos, também impactou o mercado de trabalho, pois piorou expectativas.
Greve só fez piorar
Essa não foi, contudo, a única explicação para o resultado do mês passado, de acordo com o especialista.
“A coisa já não vinha bem antes da greve. O que a greve fez foi piorar”, disse.
Nos meses anteriores, o mercado formal já mostrava forte desaceleração.