Crianças afastadas dos pais voltam traumatizadas
Brasileiro de 5 anos pediu uma arma de brinquedo nos EUA e quis voltar a mamar no peito de sua mãe
Depois de quase dois meses em um abrigo nos EUA, o brasileiro Davi (nome fictício), 5 anos, inventou uma brincadeira: chama um amigo, empurra-o contra a parede e coloca suas mãos para cima, como um policial.
“Ele pediu uma arma de brinquedo para a mãe”, conta a assistente jurídica Luana Mazon, do escritório de advocacia Jeff Goldman, que assessora a família.
Desde que foi reunido à mãe, na semana passada, ele quase não conversa, não come e quis voltar a mamar, no peito. “Ele está completamente traumatizado.”
O relato é um entre vários que advogados e famílias têm ouvido desde que dezenas de crianças imigrantes foram reunidas a seus pais, após serem separadas por agentes de imigração americanos, ao cruzarem a fronteira ilegalmente.
A Academia Americana de Pediatria, que se opôs à separação das famílias, já alertou que a prática pode provocar “traumas irreparáveis” às crianças.
“A verdade é que o problema não acaba aí [na reunificação das famílias]: está só começando”, comenta a brasileira Liliane Costa, diretora-executiva do Brace (Brazilian-american Center), que atende imigrantes do país nos arredores de Boston.
A região reúne uma das maiores comunidades brasileiras nos EUA, para onde foram algumas das famílias reunidas. Uma delas é a da mineira Sirley Silveira, que foi reunida ao filho de dez anos no início do mês, depois de 42 dias separados. “A mãe disse que ele está muito estranho, agressivo.”