Após ficar sem apoio, Ciro vai em busca da esquerda
Candidato do PDT ao Palácio do Planalto é oficializado. Ideia agora é tentar atrair apoio de PSB e PCDOB
Frustrado com a desistência do bloco do centrão em apoiá-lo, Ciro Gomes utilizou o lançamento oficial de sua candidatura presidencial para tentar reverter cenário de isolamento político no qual se encontra desde a última quinta-feira.
Em um discurso calculado, o candidato do PDT ao Palácio do Planalto ocupou a maior parte de seu pronunciamento ontem na defesa de bandeiras de esquerda, no esforço de atrair o PSB e o PCDOB, e fez promessas ao setor empresarial, em estratégia para tentar se desvincular da imagem de inimigo do mercado.
A decisão dos partidos de centro em apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, alterou o humor de Ciro. Fora do palco da convenção partidária, ele manteve semblante sério e evitou os veículos de imprensa, postura também adotada na véspera.
Em conversas reservadas, a equipe de campanha reconhece que aumentou a pressão sobre ele da necessidade de fechar um acordo com os partidos de esquerda, evitando que a candidatura do pedetista perca musculatura e espaço para o PT.
O candidato chegou a esboçar para o evento partidário, em Brasília, um discurso mais afinado ao centro para agradar as siglas do bloco formado por DEM, PP e PR. Com o recuo deles, fez alterações e o aproximou mais ao campo da esquerda.
A uma plateia de militantes, fez questão de citar o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e disse que o povo já viu, no passado recente, “que é possível ser diferente quando o governo federal é conectado com o povo” e defendeu a manutenção das atuais políticas sociais.
“Depois de tudo o que houve com Lula, a nossa responsabilidade aumenta muito”, disse.