Energia de Nenê
Aos 37 anos, meia do São Paulo diz que está motivado e por isso decidiu continuar no clube do Morumbi
A idade não tem sido um empecilho para Nenê. Com 37 anos recém-completados, o meia do São Paulo esbanja juventude. “Se neném está assim, imagina quando crescer”, brincam os torcedores.
O camisa 7, que pode ganhar a 10, é o artilheiro do Tricolor na temporada com dez gols. Em entrevista ao Agora, ele contou que a desconfiança gerada pela sua contratação no começo do ano foi um combustível.
“Não imaginavam que eu poderia render o que eu estou rendendo e manter uma regularidade. Ter essa força, com a intensidade dos jogos. Isso é bom, eu gosto dessas coisas”, comentou o atleta.
Nenê teve uma proposta para jogar no futebol árabe, mas recusou. Hoje, contra o Corinthians, ele enfatiza que uma vitória vai deixar claro os objetivos do clube no torneio.
“A gente está, sim, na briga [pelo título]. Temos de ser realistas, mas com os pés no chão. Tem de continuar da mesma maneira, suando, dando tudo dentro de campo, técnica e fisicamente.” Agora Você sentiu que chegou ao São Paulo no começo do ano sob desconfiança? Nenê Não sob desconfiança, mas não imaginavam que eu poderia render o que eu estou rendendo e continuar rendendo. Ter essa força, com a intensidade dos jogos. É bom, eu gosto dessas coisas. Como quando voltei ao Brasil, muitos diziam que eu estava velho com 34 anos, no Vasco. Acho bacana, levo por um lado positivo e de motivação. De mostrar “está errado isso”. Agora Você disse ‘pode carimbar, não vou sair’. Por que recusou o futebol árabe? Nenê Pela minha felicidade aqui. A maneira como todos me receberam, como me tratam, pelo carinho que recebo da torcida, a estrutura do clube. Estou em um clube grande, que não ganha títulos há um bom tempo e seria muito importante isso, ficar com o nome marcado na história. Isso para mim é mais importante do que ganhar um pouco mais agora. Foi um pouco de tudo, mas a estabilidade, o momento do clube, com chance de ser campeão, pesaram. Aqui no Brasil não tenho um título de Brasileiro, de Série A. E também os filhos, a família, que estão aqui perto. Agora Vocês têm Corinthians, Grêmio e Cruzeiro pela frente. Estabeleceram meta de pontuação? Nenê Não, não falamos disso. Só que temos de ganhar todos (risos). A gente sabe que é uma mini Copa do Mundo, com quatro times muito complicados [Flamengo venceu], mas sabemos que, se fizermos grandes jogos e conquistarmos resultados positivos, vamos estar realmente com confiança maior, confirmando que podemos brigar pelo título.
Agora Com a saída do Cueva, a camisa 10 está vaga. Você vai pegá-la? Nenê Não sei ainda, vieram falar comigo sobre isso. Vamos esperar. Não teria problema nenhum, sempre joguei com a 10. Aí falam: “ah, mas está indo bem com a 7”. Eu não tenho esse negócio de superstição, não. O que faz a pessoa não é o número. Isso é indiferente.
Agora No que o São Paulo ainda precisa melhorar? Nenê Sempre um time pode melhorar, depende de cada jogo. Precisa estar melhor taticamente, mais compacto. Em outro jogo precisamos estar mais agudos, prestar atenção nos contra-ataques.
Agora Mas por que o time não consegue segurar muito a bola no segundo tempo? Nenê É, acho que isso a gente precisa melhorar um pouquinho. A gente acaba indo muito para trás, né? Mas contra o Flamengo, especificamente, era normal, pela pressão. E a gente ainda não tinha ritmo de jogo. Mas isso é algo que a gente pode melhorar, sim. Aliás, era algo que a gente já vinha melhorando.
Agora O Tricolor tem a sequência de jogos difíceis e você tem dois amarelos. Como é ter de se segurar? Nenê Muito difícil, porque qualquer coisa que você faça, qualquer falta, fica preocupado. Falei para o juiz na quarta: “se eu começar a falar muito já me avisa, não quero ficar de fora”. Depois ele veio me dar parabéns pela conduta. Mas é complicado, porque tem o calor do jogo. Às vezes, o árbitro erra algo que é muito claro para a gente, pode tirar do sério. Ou alguma falta que você faz, um contra-ataque que você para, sem intenção, é cartão. Espero que eu possa aguentar muitos jogos. Não sou de fazer muita falta, é só fechar a boquinha. Reclamar menos e pronto.
Agora O Corinthians não tem o Balbuena. Acha que por ser nova, a dupla de zaga facilita para vocês? Nenê Clássico é clássico, com certeza para nós facilita porque continuamos com o mesmo time. A nossa única troca foi o Marquinhos [Guilherme] pelo Rojas, mas eles são extremamente parecidos, muito rápidos. Acredito que para eles é um pouco mais complicado, mas é clássico, então não tem muito isso. Para nós, é muito importante manter a base, para que a gente continue com essa confiança. E o entrosamento ajuda para tentar ter uma regularidade.
Agora O São Paulo é candidato ao título do Brasileiro? Nenê A gente está, sim, na briga. A gente tem de ser realista. Temos de ter os pés no chão. Tem de demonstrar a cada dia que dá para ser campeão. Não adianta: “ah, está brigando [pelo título], então vamos só administrar”. Tem de continuar da mesma maneira, suando, dando tudo dentro de campo, técnica e fisicamente. Continuar nessa pegada, nessa intensidade. Precisamos ajudar um ao outro, porque está sendo muito bacana essa união para continuarmos nessa caminhada.