Bolsonaro chora e confirma a candidatura à Presidência
Deputado disse que não quer ser um ‘salvador da pátria’ e foi às lágrimas ao ouvir o hino nacional
O deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), 63, minimizou a importância de alianças formais ao oficializar ontem sua candidatura à Presidência da República. Voltou a criticar os acordos dos rivais, mas ouviu alertas sobre dificuldades na governabilidade da principal aposta para ocupar a vice de sua chapa, a advogada Janaína Paschoal.
Em seu discurso, Bolsonaro disse não ser um “salvador da pátria”. Mas recorreu a Deus para defender-se da acusação de despreparo para lidar com temas econômicos. “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”, disse ele.
Em defesas acaloradas pelo patriotismo e ao “verde e amarelo”, Bolsonaro chorou durante a execução do hino nacional. Estava ao lado de Paschoal e sua mulher, Michelle de Paula Bolsonaro, presença rara em eventos.
Bolsonaro se referiu como escória ao centrão, grupo formados por DEM, PP, SD, PR, que se aliou a Geraldo Alckmin (PSDB). Classificouse como “patinho feio”, ao mesmo tempo em que recusou a pecha de isolamento ao afirmar ter apoio popular e de deputados de siglas que não se aliaram formalmente à candidatura.
“Nós temos que fazer esse Brasil grande. Para fazer esse time campeão, o seu chefe não pode estar devendo nada para partido político nenhum”, afirmou, embora tenha tentado negociar a vaga de vice na chapa com o PR de Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão.
Preconceito
“O Brasil não precisa de marqueteiro, centrões, demagogos e populistas. O Brasil só quer uma coisa: a verdade, declarou. Com menções a Deus, família, e ataques à esquerda, Bolsonaro repetiu chavões de discursos anteriores. Fez acenos às mulheres, gays, negros e nordestinos, a fim de reduzir a imagem de preconceituoso, construída em quase 30 anos de Congresso.
Ao mesmo tempo, usou frases como: “o que realiza uma mulher é um filho” e referiu-se a um cearense como “cabeçudo”. “Não se tem mais alegria de contar uma piada no Brasil”, disse Bolsonaro, ao se queixar das críticas de preconceito.
“Não nos interessa o politicamente correto”, afirmou o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), candidato ao Senado. O senador Magno Malta (PR-ES) e o general reformado Augusto Heleno (PRP) disseram em discursos que o aliado não está isolado, ainda que não tenha firmado alianças. O general criticou o apoio do centrão a Alckmin.