Pizza à paulista
A Lava Jato deu esperanças para muita gente de que a impunidade dos poderosos está chegando ao fim. Os responsáveis pela operação trataram de conseguir apoios mostrando para toda a população o que estavam fazendo, às vezes até com exageros.
Mas esse padrão de Justiça rápida e eficiente ainda não é a regra no país. Basta ver o caso de Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).
Ele foi acusado de receber propina de US$ 3 milhões (mais de US$ 11 milhões hoje) da empresa francesa Alstom, que estava interessada em contratos com empresas do governo do estado.
A grana teria sido paga em 1998. Depois que o caso veio à tona, um inquérito penal foi aberto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2010.
O assunto estava no STJ porque Marinho, na condição de conselheiro do TCE, tinha direito a foro especial. Só que, em junho deste ano, a ministra Nancy Andrighi resolveu mandar o processo para a primeira instância.
Ela entendeu que o suposto crime não estava relacionado às funções do acusado no Tribunal de Contas. Dias depois, o órgão arquivou sua investigação interna sobre o episódio.
A questão nem é, ainda, se Marinho é culpado ou inocente. O que não dá para engolir é a Justiça e a investigação andando tão devagar, sem chegar a uma conclusão.
Será que as coisas seriam assim se ele não fosse fundador do PSDB, ex-deputado federal, ex-presidente da Assembleia Legislativa e exchefe da Casa Civil do estado?
Ele foi afastado do TCE em 2014 e continua recebendo o salário de cerca de R$ 30 mil. Isso não é punição nem absolvição.