Justiça suspende autorização à prefeitura para cremar ossadas
A Justiça de São Paulo voltou atrás e suspendeu a autorização que havia dado para que a gestão Bruno Covas (PSDB) cremasse ossadas de cerca de 1.600 pessoas no cemitério municipal da Quarta Parada (zona leste).
Organizações sociais como o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) afirmam que entre as 1.600 ossadas há diversas que perderam a identificação por descaso do município ao longo dos anos.
Nesses casos, afirmam, não seriam ossadas não identificadas, tal como as classifica a prefeitura, mas que foram um dia identificadas e que perderam as etiquetas.
Nesses casos, alegam os grupos, a prefeitura teria que buscar a identificação das ossadas e entrar em contato com os familiares para que decidam os destinos dos restos mortais de seus parentes.
Além dos casos mais tradicionais de desaparecimento, preocupam as organizações sociais os casos de ossadas de desaparecidos do período da ditadura militar que poderiam estar no cemitério.
A prefeitura afirma que “não foi notificada da decisão.” Em seu pedido pela cremação, afirmava que não há mais espaço no ossário e que as ossadas, não identificadas e não reclamadas pelos familiares, não têm condições para serem um dia identificadas. A prefeitura pretende cremar ossadas provenientes de exumações entre 1941 e 2000. O Quarta Parada está entre os cemitérios que a gestão tucana quer conceder à iniciativa privada.