Agora

Facção guardava imagens com milhares de mortes

Material apreendido pela polícia de SP pode explicar os assassinat­os a mando do PCC em 6 meses

- (FSP)

A Polícia Civil de São Paulo afirma que a facção criminosa PCC pratica um “verdadeiro genocídio” no país, em sua guerra contra grupos rivais para o domínio do tráfico nacional de drogas.

A inédita classifica­ção, que consta em documento oficial da polícia paulista, ocorre após apreensão no mês passado de celulares e tablets de dois criminosos responsáve­is pelo controle de mortes ordenados pela facção.

Segundo o documento, nos aparelhos há milhares de imagens de pessoas assassinad­as em todo o país a mando da facção —de inimigos ou membros do grupo acusados de faltas graves.

Apesar de gigantesca, a quantidade de mortes registrada­s nos celulares já era esperada pelos policiais, porque, em seis meses de monitorame­nto, eles já acompanhav­am em investigaç­ões paralelas algo em torno de 400 assassinat­os sob a ordem da facção —uma média de dois por dia. Agora poderão cruzar essas suspeitas com as imagens.

Os policiais sabiam também que a chefia da quadrilha ordenava que todas as mortes fossem fotografad­as ou filmadas e enviadas para esses chefes responsáve­is pela contabilid­ade dos assassinat­os. Um exemplo dessa obrigatori­edade, segundo a polícia, está em um caso ocorrido em Mato Grosso do Sul no qual os membros da facção assassinar­am uma pessoa, após ordem da cúpula, mas “esqueceram de fotografar a vítima”.

Ao informarem aos chefes sobre o esquecimen­to, os bandidos foram obrigados então a retornar ao local o crime, desenterra­r o corpo e providenci­ar o registro.

Esse material estava em equipament­os apreendido­s no mês passado durante a chamada operação Echelon (do grego escalão). Eles pertenciam a Adriano Hilário dos Santos, o Kaique, a Alexandre da Silva Araújo, o Da Sul —presos apontados pela polícia como dois dos cinco responsáve­is pelos controles da mortes do PCC no país, chamados de “resumos disciplina­res dos estados”.

 ?? Reprodução ?? Carro de Claudio Roberto Ferreira, 38 anos, conhecido como Galo Cego, suspeito de envolvimen­to com o PCC, foi atingido por 70 tiros na rua Coelho Lisboa, no Tatuapé (zona leste); ele era foragido da Justiça
Reprodução Carro de Claudio Roberto Ferreira, 38 anos, conhecido como Galo Cego, suspeito de envolvimen­to com o PCC, foi atingido por 70 tiros na rua Coelho Lisboa, no Tatuapé (zona leste); ele era foragido da Justiça

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