Me dê motivo
No último domingo, o meia palmeirense Moisés pagou um mico ao tentar fazer uma comemoração que não deu certo. Logo após abrir o placar contra o Galo, o meia correu até o fotógrafo oficial alviverde, César Greco, pegou emprestado o monopé e a câmera do profissional e simulou ter um cajado nas mãos. Imitando a famosa cena bíblica, perpetuada pelos filmes hollywoodianos, Moisés bateu o “monopé-cajado” no gramado, esperando que a “torcida-mar Vermelho” se abrisse ao meio. Ideia original. Faltou apenas o camisa dez combinar com os torcedores do Palestra.
Não bastasse o mico, o atleta alviverde levou cartão amarelo do juiz Péricles Bassols. “Perder tempo excessivo na comemoração de um gol”, foi a alegação do árbitro. Nas súmulas eletrônicas da CBF, essa punição tem código exclusivo: “Motivo 8.1”. Se o jogador sair pra galera e o juiz achar que demorou demais, é amarelo na certa. Na mesma partida, entre Palmeiras e Atlético, o alvinegro Luan foi amarelado pela mesma razão.
Queria muito um dia assistir a uma reunião dessas, onde os gênios da cúpula da arbitragem da CBF definem este tipo de coisa. Sinceramente, o que passa na cabeça dessas pessoas? Será que algum dia já jogaram futebol? Será que ao menos fizeram um gol no campeonato do colégio? Têm a noção da alegria que é fazer um gol?
Creio que não. Por isso, em vez de investir em ideias e medidas que tornem o futebol mais organizado e atrativo, essa gente que controla o futebol só consegue piorar as coisas assim. Não bastassem o fim das bandeiras e a torcida única em clássicos, agora, o jogador não pode nem comemorar. Isso me faz cantarolar a música do genial Tim Maia: “Me dê motivo... Pra ir embora...”