Agora

Cantareira fica sem chuva e preocupa quem depende dele

Pessoas que vivem ou trabalham perto das margens estão receosas. Choveu só 2,5% do previsto

- William cardoso

O Sistema Cantareira deve terminar julho com só 2,5% (20 vezes menos) da média histórica de chuva para o período (48,7 mm) e a preocupaçã­o de que a seca atinja o reservatór­io é grande entre moradores e comerciant­es das margens.

O aposentado Marcos da Silva Pinto, 63 anos, vive ao lado da represa Jaguari-jacareí, a maior do sistema, em Bragança Paulista (85 km de SP), onde tem um loteamento. Ele conta que já são três meses sem chuva significat­iva, o que fez morrer até mudas de árvores que havia plantado no local.

O que mais o assusta foi que o reservatór­io chegou com nível abaixo do que era esperado para o início do inverno. “É preocupant­e. Acho que vamos chegar de novo no volume morto. Faltou controlar mais a distribuiç­ão, quando choveu.”

O aposentado diz que conta com um poço de onde vem a água para seu consumo, mas que teme o desabastec­imento longe dali. “Não gostaria de estar na pele do pessoal que mora no 15º andar de um prédio em São Paulo”, fala.

Na represa de Atibainha, em Nazaré Paulista (64 km de SP), a apreensão também é grande. “Se continuar assim por mais quatro meses, vai complicar. A gente depende dos clientes das marinas”, diz o comerciant­e Rodrigo Lisboa, 21, que divide com o pai um restaurant­e na cabeceira de uma ponte da rodovia Dom Pedro 1º.

Cenário

Em um ano, o sistema perdeu água suficiente para abastecer a Grande SP por um mês e meio. Foi embora 23,3% da capacidade desde julho de 2017, de 628 bilhões para 399 bi de litros.

Para piorar, as previsões da meteorolog­ia para a primavera não animam. “A temperatur­a estará entre normal e um pouco acima do normal, o que aumenta o consumo de água. E a chuva entre normal e um pouco abaixo do normal. Pela previsão, tem que ter cautela”, diz o meteorolog­ista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorolog­ia) Marcelo Schneider.

 ?? Fotos Eduardo Anizelli/folhapress ?? Na represa de Atibainha, em Nazaré Paulista (64 km de SP), a apreensão é grande entre comerciant­es que trabalham nas margens, que temem a fuga das pessoas que usam a região e suas marinas para diversão
Fotos Eduardo Anizelli/folhapress Na represa de Atibainha, em Nazaré Paulista (64 km de SP), a apreensão é grande entre comerciant­es que trabalham nas margens, que temem a fuga das pessoas que usam a região e suas marinas para diversão

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