Agora

Chama o Chulapa

- Luís Marcelo Castro

“Estou de volta, após tirar um ano de férias no Corinthian­s”. Foi assim que, em 1986, Serginho Chulapa retornava ao Santos e ampliava seu repertório de polêmicas, ganhando de vez a torcida da Baixada.

Explosivo, o atacante arrumava confusão na mesma proporção em que mandava a bola para as redes. Quando chegou ao Peixe, em 1983, aos 30 anos, tinha um currículo de respeito: era (e continua sendo) o maior artilheiro do São Paulo, com 242 tentos. E não havia perdido o faro: anotou mais 104 gols e se tornou o terceiro artilheiro do Santos na era pós-pelé.

Hoje membro da comissão fixa alvinegra, Serginho é acionado para apagar o fogo sempre que algum treinador é demitido. Entre idas e vindas desde que foi “contratado” por Pepe, há 24 anos, esteve em 71 partidas.

Com a experiênci­a de seus 64 anos, a mesma cara fechada que botava medo nos rivais e um corpanzil moldado em seus 1,91 m, é visto pelos atletas como um paizão protetor e, pelos torcedores, como um ídolo com quem se pode contar nos bons e maus momentos.

Talvez seja a presença de personagen­s históricos que façam essa ligação entre clube e torcida que esteja faltando no futebol atual. Chulapa é um raro exemplo de vínculo permanente que transcende a relação cada vez mais efêmera e superficia­l entre atletas e times. Andrade tinha uma relação semelhante no Flamengo.

São casos diferentes de Renato Gaúcho, por exemplo, que faz história como técnico do Grêmio, após brilhar como jogador. Cedo ou tarde, porém, ele vai acabar em outro clube, como fizeram Zidane, no Real Madrid, Beckenbaue­r, no Bayern, Telê Santana, no Fluminense, Dudu, no Palmeiras... Com o interino do Santos é diferente. Apertou, chama o Chulapa!

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