Alvo de operação da PF se afasta de campanha de Doria
Coordenador é suspeito de receber dinheiro para ajudar siderúrgica com débitos do Fisco
A Polícia Federal deflagrou ontem mais uma fase da Operação Zelotes, que mira um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo ex-conselheiros do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) —espécie de tribunal que avalia recursos a autuações da Receita Federal.
O economista Roberto Giannetti da Fonseca, coordenador-geral do programa de governo da candidatura de João Doria (PSDB), foi um dos alvos da ação. Ele é suspeito de receber pagamentos para ajudar a siderúrgica Paranapanema a se livrar de débitos aplicados pelo Fisco, no Carf, em 2014. O prejuízo apurado pelos investigadores, em valores atualizados, é de R$ 650 milhões.
Em nota à reportagem, a coligação Acelera São Paulo, diz que Giannetti decidiu se licenciar da campanha para se dedicar à sua defesa.
A Paranapanema foi autuada por, supostamente, usar indevidamente benefícios fiscais do drawback (tipo de regime aduaneiro especial que elimina tributos de importação). A empresa tinha advogado constituído nos autos do Carf, mas contratou a Kaduna Consultoria, de Giannetti, para prestar assessoria no caso. Conforme o inquérito, o economista subcontratou outros dois escritórios de advocacia, com atuação em Brasília, para comprar decisão do conselho. Uma das bancas pertencia à então conselheira Meigan Sacks e a outra, a Vladimir Spíndola, filho da ex-assessora da Casa Civil Lytha Spíndola. Os três já são investigados em outros casos.
Em 2014, a Paranapanema conseguiu reverter o débito da Receita por meio de um recurso de primeira instância no conselho. Depois disso, a empresa do economista recebeu R$ 8 milhões. Os recursos foram repartidos entre os escritórios de Meigan e Vladimir. Giannetti ficou com R$ 2,2 milhões.