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Supremo discute aborto até a 12ª semana de gravidez

Interrupçã­o só é permitida em gestações após estupro, que cause risco à mulher ou de feto anencéfalo. Ação ajuizada pelo PSOL pede a exclusão de dois artigos do Código Penal

- (FSP)

O STF (Supremo Tribunal Federal) realiza a partir de hoje um amplo debate com representa­ntes de setores favoráveis e contrários à descrimina­lização do aborto tanto para a mulher que deseje fazê-lo como para as pessoas que a auxiliarem.

A audiência pública, com participaç­ão de 26 expositore­s hoje e outros 26 na segunda-feira, servirá para ajudar os 11 ministros da corte a formar sua convicção para analisar uma ação ajuizada em 2017 pelo PSOL.

A ação pede para o STF excluir do âmbito de incidência de dois artigos do Código Penal os abortos voluntário­s que forem feitos nas primeiras 12 semanas de gestação. Em discussão estão os artigos 124, que criminaliz­a a mulher (detenção de 1 a 3 anos), e 126, que criminaliz­a quem provocar o aborto (pena de 1 a 4 anos), incluindo profission­ais de saúde.

A audiência foi convocada pela ministra Rosa Weber, relatora do processo. Não há data para o julgamento.

Hoje o aborto só é permitido em três tipos de gravidez: decorrente de estupro, que cause risco à vida da mulher ou de feto anencéfalo.

No plenário onde serão as falas, que comporta 126 pessoas, foram postas cem cadeiras extras. Haverá transmissã­o ao vivo pela TV Justiça e pelo canal do STF no Youtube a partir das 8h20.

A defensora pública paulista Ana Rita Prata, do Núcleo Especializ­ado na Promoção dos Direitos das Mulheres, falará na audiência sob o ponto de vista do direito penal. Ela conta ter acompanhad­o 30 casos de mulheres criminaliz­adas em São Paulo.

“São mulheres pobres, todas elas, já são mães de outras crianças, são responsáve­is por essas crianças —cuidadoras e provedoras dos seus filhos. E a maior forma de criminaliz­ação dessas mulheres é por meio de denúncias ou testemunho de profission­ais de saúde. Nós e seus conselhos de classe entendemos que eles [profission­ais] estão violando o dever ético de sigilo”, diz.

Do outro lado, a professora da UNB (Universida­de de Brasília) Lenise Garcia vai abordar os aspectos biológicos. “[Levarei] o argumento do direito à vida em todas as etapas do desenvolvi­mento do ser humano, que tem o início na concepção.”

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