Cultura Artística retoma as obras dez anos após incêndio
Previsão é de que o tradicional teatro seja reinaugurado em 2021. Obra vai custar R$ 100 mi
Prédio
Quatro andares, como o original Recupera características originais da fachada e do foyer térreo, preservados Cores e revestimentos do piso e das colunas serão os mesmos do antigo prédio
Salas
A principal terá 750 lugares Auditório flexível contará com 150 assentos
O incêndio que destruiu o tradicional Teatro Cultura Artística, na Consolação (região central de SP), completa dez anos no próximo dia 17 de agosto. O espaço vazio, que ficou uma década em ruínas, deu lugar a máquinas pesadas que, desde março, estão fazendo as bases para a construção do novo espaço cultural, programado para ser inaugurado em 2021.
Após a apresentação de vários projetos de reconstrução, o que vai dar vida ao teatro tenta ser mais próximo do original, inaugurado em 1950. O custo total será de R$ 100 milhões, arrecadados com doações de assinantes da Sociedade Cultura Artística e da população em geral.
“Já usamos R$ 15 milhões para restaurar o painel de Di Cavalcanti (1897-1976), coberto por tapumes, para demolir parte do prédio e no projeto. Temos mais R$ 25 milhões disponíveis para a primeira fase, prevista para terminar em maio de 2019”, diz Frederico Lohmann, superintendente do Teatro Cultura Artística. O restante será arrecadado, segundo ele, por meio da campanha “Seja Amigo da Cultura Artística”.
O teatro, que antes recebia desde peças, musicais, balés e concertos, será voltado à música de câmara. “Haverá músicas clássicas e populares”, afirma Lohmann.
O barulho do bate-estaca das obras e rachaduras em alguns dos prédios são a reclamação de alguns moradores do entorno, mas esses são unânimes em afirmar que preferem ter de volta o teatro, que foi o último palco de um dos maiores artistas do Brasil, Paulo Autran (“O Avarento”), e também recebeu artistas de renome nacional, como o compositor Heitor Villa-lobos, que inaugurou o espaço, em 1950, e internacional, como o cantor Ray Charles, em 1963.
“O transtorno é um preço pequeno a pagar para ter de volta um equipamento tão importante para a vida cultural da cidade”, diz o arquiteto Marcelo Brigido, 51 anos, que mora próximo.
O mercador Dário Bueno, 71, mora na praça Roosevelt há 12 anos, frequentou o teatro e lembra de peças icônicas em cartaz por anos na sala principal. “Irma Vap, Jô Soares. Colecionava os programas das peças. Tinha uns 40 deles. Mas os vendi.”
O teatro é tombado nas três esferas: municipal, estadual e federal.