Preso, Lula é lançado candidato ao Planalto
Presidente do PT, Gleisi Hoffmann diz que o registrará como uma afronta ao ‘sistema podre’
Na tarde de ontem, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aprovado em votação simbólica por militantes e dirigentes do PT como o candidato do partido à Presidência da República.
Lula está há quatro meses preso em Curitiba (PR), condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, mas tem coordenado movimentações da pré-campanha para abrir espaço a uma candidatura competitiva de seu partido na disputa de outubro.
Na convenção nacional do partido, ontem, em São Paulo, a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann (PR), repetiu que registrará o petista no dia 15 de agosto como uma afronta: “É um momento histórico. Esta é a ação mais confrontadora contra esse sistema podre. Não existe política neste país sem falar de Lula e sem falar de PT”.
Em carta enviada à cúpula do partido, Lula escreveu que “querem inventar uma democracia sem povo”.
No texto, lido na convenção pelo ator e militante petista Sérgio Mamberti, o expresidente afirmou ainda que “já derrubaram uma presidenta eleita, agora querem vetar o direito do povo de escolher livremente o próximo presidente”.
Cotado como plano B de Lula, caso a candidatura do ex-presidente seja impugnada, o ex-prefeito Fernando Haddad afirmou que Lula “derrotou todos os golpistas” e que hoje está seguro de que o PT caminha ao “pentacampeonato eleitoral”.
“Vamos ganhar a quinta eleição consecutiva com Luiz Inácio Lula da Silva”, disse.
Vice
Enquanto tentavam aclamar Lula, dirigentes do PT não discutiram divergências recentes do partido, como a definição de um nome a vice na chapa petista e a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco.
Mas pela manhã, em meio a vídeos e máscaras com o rosto de Lula, alguns pressionavam a cúpula, nos bastidores, a convocar reunião da executiva até amanhã, para escolher o vice e evitar confronto com a Justiça Eleitoral.
De outro lado, militantes gritavam o nome de Marília, contrários à decisão do PT de fazer acordo nacional com o PSB, neutralizando a sigla na disputa nacional — o PSB estava perto de se aliar a Ciro Gomes (PDT)— em troca de tirar Marília da corrida em Pernambuco. Paulo Câmara (PSB) seria beneficiado em campanha à reeleição.