Debate sem debater
A democracia brasileira avançou muito nas últimas três décadas, mas ainda não amadureceu o bastante.
Um dos problemas é que, na hora de votar, o eleitor continua a ser tratado como alguém que não tem condição de avaliar diferentes propostas e opiniões e, por isso, precisa ser protegido por regras que o poder público impõe.
Essa forma de controle acaba decidindo, por exemplo, o que pode e o que não pode em propaganda politica de rádio e televisão e até como devem ser os debates realizados pelos meios de comunicação.
Por exigência da lei, o primeiro desses encontros, transmitido pela TV Bandeirantes na quinta-feira, teve de convidar nove candidatos à Presidência. Desse total, oito compareceram, pois o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba, foi impedido pela Justiça.
Com tanta gente assim, fica bem difícil haver uma discussão que traga informações úteis ao eleitor. Levando em conta as pesquisas e a força dos partidos, os competidores realmente importantes não passam de cinco.
Outro fator que impede saber com mais detalhe o que pensa cada um é a restrição à participação de jornalistas. Na maior parte do tempo, os candidatos falam entre si, sem possibilidade de um profissional da imprensa contestar discursos que, muitas vezes, são puro marketing.
Em outros países, como França e EUA, as regras e o o tempo de fala são mais flexíveis, e isso permite que os participantes possam ser mais questionados. O Brasil deveria se inspirar nesses modelos.
Apesar de tudo isso, é melhor um debate engessado do que nenhum debate. Por essa razão, a Folha de S.paulo, ao lado de UOL e SBT, fará um encontro com presidenciáveis em 26 de setembro.